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PONTOS DE REFLEXÃO
I LEITURA. Pr
8,22-31
Na passagem escolhida do Livro dos
Provérbios, a Sabedoria
em pessoa fala da sua
origem e da sua função na Criação. Gerada por Deus antes
do mundo (w. 22-25), a Sabedoria estava presente como «arquitecto» quando o
Senhor criou o céu e a terra (w. 26-30). Ela revela também a sua presença
permanente junto dos homens (v. 31).
A própria
Sabedoria afirma a sua preexistência em relação ao mundo. «Criada» ou «possuída
por Deus desde a eternidade» (as
duas traduções são possíveis: v.
23), ela desempenha a função de mediadora na Criação,
personifica a marca perene de Deus no Universo ao qual confere ordem, harmonia,
coerência e sentido. É por isso definida
como «arquitecto» (v. 30) que orienta a obra criadora. Mas a Sabedoria
não está somente junto de Deus, ela está
também junto dos homens, onde se sente em casa (v. 31).
No texto de hoje a
Sabedoria adquire por isso consistência, não se limitando a ser um simples
conceito ou um atributo divino.
O pensamento sapiencial marcou
profundamente a compreensão
do mistério de Cristo, no qual a Sabedoria assumiu um rosto
concreto. Por outro lado, porém, embora Jesus tenha sido identificado
com a Sabedoria, Ele supera-a. De facto, no Antigo Testamento a
Sabedoria jamais foi enviada à terra para encarnar-se, jamais foi considerada
como fim para o qual tendem o mundo e a História.
II LEITURA Rm
5,1-5
Por meio de Jesus
Cristo, fomos introduzidos pelo próprio Deus
numa nova relação com Ele (v. 1), caracterizada pela dádiva
do amor e pela presença do Espírito Santo no
mais íntimo de nós (y. 5). Agora podemos «gloriar-nos» (v. 2), sabendo
que tudo é dom, até nos sofrimentos (v. 3), porque neles experimentamos o
amor divino que «não engana», antes produz a «esperança»
(cf. w. 4-5) no cumprimento final da paz já
recebida.
A uma vida dominada pelo pecado,
colocada sob a ira de Deus,
e portanto sem futuro, Paulo contrapõe
a novidade da vida aberta
por Jesus àqueles que a acolhem na fé. Tudo provém de Deus, embora
requeira o acolhimento da parte do homem: a justificação
(v. 1) que, eliminada a ruptura da relação
devida ao pecado, coloca o homem em comunhão com Deus; a paz - shalom - a harmonia
profunda do homem com Deus e a Criação, que inclui todos
os bens de salvação; a «graça» (v. 2a), ou
seja, a possibilidade de viver sob a
benevolência divina gratuita; o próprio «amor» (v. 5a), com o qual Deus
ama e que, colocado no coração do homem, o
gera como filho de Deus; finalmente, o «Espírito Santo» (v. 5b),
o dom por excelência que atua em toda esta
novidade de vida.
Devido a esta realidade, as três
Pessoas divinas atuam: o Pai
tem a iniciativa comunicando o Seu
amor, que introduz o homem na comunhão com Ele; o Filho
encarnado realiza a salvação no
acontecimento pascal da Sua morte e ressurreição; o Espírito Santo,
presente no crente, é garantia dessa verdade e por isso fundamento da
esperança, a qual tem por isso uma raiz sólida.
EVANGELHO Jo
16,12-15
Antes da Sua morte,
num discurso de adeus, Jesus promete a vinda do Espírito Santo e anuncia a sua
função: o Espírito introduzirá os discípulos na plena compreensão do que Ele
disse e realizou na terra. O «Espírito da verdade» (v. 13) realizará isto
não falando de Si mesmo, mas comunicando o que é do Filho
(v. 14), ou seja, o que o próprio Filho recebeu do Pai (v. 15).
É o tempo de Jesus, de Nazaré:
através do Seu ensinamento e da Sua vida, Ele revelou o
Pai e a Sua unidade com Ele. Certamente Jesus, durante o ministério terreno, deu
a conhecer «tudo o que ouviu ao Pai». (Cf. Jo 15,15)
O Espírito Santo,
por conseguinte, não tem para cumprir uma obra incompleta e não faz concorrência
ao Filho com outro ensinamento, mas, afirma Jesus, «receberá do que é meu e
vo-lo anunciará», (v. 15) Depois da partida de Jesus deste mundo, o Espírito
terá a missão de introduzir os crentes na compreensão plena da verdade, de
fazer penetrar o discípulo no mistério do Filho e da Sua obra, de o admitir ao
conhecimento profundo da fé, possível
somente à luz do acontecimento pascal. Com a luz da fé comunicada, o
Paráclito ilumina quer o passado de Jesus, quer a Sua realidade actual de Filho
glorificado, o qual na Cruz manifestou o Seu
amor total ao Pai e à Humanidade.
Sobressai a estrutura trinitária
da actuação do Espírito Santo: na sua ação é sentida a
presença do Filho encarnado e ressuscitado, transparência do amor do Pai. São
três Pessoas distintas, embora unas.
É o tempo de Jesus, de Nazaré:
através do Seu ensinamento e da Sua vida, Ele revelou o
Pai e a Sua unidade com Ele. Certamente Jesus, durante o ministério terreno,
deu a conhecer «tudo o que ouviu ao Pai». (Cf. Jo 15,15)
O Espírito Santo,
por conseguinte, não tem para cumprir uma obra incompleta e não faz concorrência
ao Filho com outro ensinamento, mas, afirma Jesus, «receberá do que é meu e
vo-lo anunciará», (v. 15) Depois da partida de Jesus deste mundo, o Espírito
terá a missão de introduzir os crentes na compreensão plena da verdade, de
fazer penetrar o discípulo no mistério do Filho e da Sua obra, de o admitir ao
conhecimento profundo da fé, possível
somente à luz do acontecimento pascal. Com a luz da fé comunicada, o
Paráclito ilumina quer o passado de Jesus, quer a Sua realidade actual de Filho
glorificado, o qual na Cruz manifestou o Seu
amor total ao Pai e à Humanidade.
Sobressai a estrutura trinitária
da actuação do Espírito Santo: na sua acção é sentida a
presença do Filho encarnado e ressuscitado, transparência do amor do Pai. São
três Pessoas distintas, embora unas.
Padre José Granja
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga. |