Sãozinha
Maria da Conceição Ferrão de Pimentel,
conhecida pelo nome de Sãozinha, nasceu em
Coimbra,
no dia 1 de Fevereiro de 1923. Menina rica, filha única, bonita, aluna distinta,
condecorada com muitas medalhas pelos seus triunfos escolares, piedosa, pura
como um anjo, sofria uma grande tristeza : seu pai, médico distinto, não
praticava a religião.
Quanto sacrifícios e orações ofereceu pela
sua conversão a filha querida ! Sobretudo no Natal e Páscoa pedia e esperava tão
grande graça. No Natal de 1939, o último que passou na terra, desabafa com a
mãe : “Ainda não foi desta que o paizinho recebeu Nosso Senhor e eu estava tão
cheia de esperança, e nem sequer foi beijar o Menino Jesus como os outros !”
Para arrancar ao Céu tão grande graça faz o
maior d todos os sacrifícios : oferece a sua vida pela conversão do Pai. Aceitou
o Senhor a heróica oferta. Depois de dois meses de atroz sofrimento, morre aos
17 anos de idade em Lisboa, aos 6 de Junho de 1940.
Esmagado pela dor, continuava empedernido seu
pai, até que chegou o dia da graça.
“Aprouve a Deus ― escreve o Doutor Alfredo
Pimentel ― que a missa do 30° dia, em sufrágio de alma da Sãozinha fosse rezada,
justamente na igreja de São Francisco, em Alenquer, onde ela fizera a sua
Primeira Comunhão, no dia mais feliz da sua vida. Ali, depois de evocar, com o
coração retalhado de saudade, a doce figura da minha filha, as suas virtudes
heróicas, a sua candura e simplicidade, toda a sua vida de amor e abnegação,
revi, com a alma repassada de amargura, todo o meu passado de indiferença
religiosa e compreendi que, para além da vida terrena, outra vida, mais perfeita
e mais bela, nos espera no seio de Deus.
Então, quase instintivamente, abeirei-me do
confessionário e fiz com humildade a minha confissão aos pés do confessor,
preparando-me assim para receber comovidamente a Sagrada Comunhão. Sãozinha, a
minha querida Filha, acabava de ver realizado o que tão ardentemente pedia ao
Senhor ! Desde então procuro, com a graça de Deus, cumprir todos os meus deveres
de cristão”.
Fonte: Patriarcado de
Lisboa |