OUTUBRO
2 de
Outubro de 1943 – Primeiro sábado
― “Estou a
recrear no meu palácio; palácio entesourado com os tesouros divinos. É
riquíssimo o teu coração, que belo adorno para mim, minha filha.
Gozo em ti, alegro-me em ti, tu és o
jardim perfumado, tu és o jardim adornado com todas as flores. E eu gozo por ser
Senhor de tudo isto; eu gozo por possuir o aroma de flores tão belas. O mundo
não te conhece, minha amada? Conheço-te eu, conhece-te Jesus. És bela, és bela,
és rica, rica serás na terra e no Céu. Quem
chamar pelo teu nome quando estiveres no Céu, nunca o chamarão em vão. Vais ser
poderosa com o Todo-Poderoso. As palavras do teu Esposo Jesus vão cumprir-se,
vão cumprir-se à letra, à letra, minha amada. Os teus espinhos transformaram-se
em rosas, o teu martírio num paraíso. Tudo, tudo, salvação para os pecadores,
consolação para mim. Brilhou o sol, apareceu a luz. Brilha agora a luz dos
humildes, triunfam e são exaltados. Minha filhinha, minha filhinha, encanto meu.
Diz ao teu Paizinho que o fogo do meu divino Coração se estende sobre ele. A
minha morada divina é a morada dele, é a fornalha onde ele há-de habitar sempre,
sempre na terra e no Céu. Vou
pela humanidade dele dar-lhe o poder de atrair a mim todas as almas, ansiosas
por me possuírem e as que andam arredadas do meu divino Coração. Sou eu, Jesus,
que falo sempre em seus lábios. Quando ele estender a bênção sobre os filhos
meus, sou eu que os abençoo. Dou-lhe todo o poder na terra para ele abrasar os
corações e as almas e converter os pecadores. Que espere tudo de mim, assim como
Eu dele tudo recebo. Diz, minha filha, diz ao teu médico, que à sombra do manto
da minha bendita Mãe e ao calor dos raios do meu divino Coração está o lar dele
por Nós abençoado. Será o jardim cultivado por Nós; Eu e Maria seremos os
jardineiros. Se ele me for fiel, será o lar mais rico de todo o Portugal. Rico
de graças, rico de amor, rico para o Céu. Dou-te tudo o que é meu, meu amor,
para tu tudo dares em meu nome aos que te amam, aos que te rodeiam, aos que te
amparam e protegem. Dou-te
tudo o que é meu para tu tudo dares a toda a humanidade, de quem te nomeio
protectora”.
Ó meu Jesus, estou
envergonhada. Oh! Como eu me sinto tão pequenina. Eu só merecia o inferno, não
sou digna das vossas graças. Distribuí vós as vossas graças. Tomai as minhas
mãos, manejai com elas; aceitai todo o meu corpo, seja ele o vosso instrumento;
trabalhai, Jesus, não cesseis. As almas perdem-se, o mundo está em perigo.
― “Recebe,
filhinha, as carícias do teu Jesus, da tua Mãezinha; recebe o nosso poder. És
toda nossa, és toda nossa, és filhinha, és esposa do meu Jesus. Recebe dos
nossos ósculos conforto para tudo”.
Obrigada, obrigada,
Mãezinha! Obrigada, obrigada, Jesus!
31 de
Outubro de 1943 – Transformação da alma
No dia de
Cristo-Rei, senti-me como se morresse o meu corpo e o meu espírito, e acabasse
por completo a minha existência no mundo. É indiscritível a dor que isto causou.
Mas mais ainda: sentia-me no Purgatório! Que dor, meu Deus, que dor! Há dias
que sentia passar por mim umas labaredas julgando eu que era efeito da sede
ardente que continuamente sentia, mas enganei-me. Essas labaredas continuaram;
não eram as labaredas do fogo da terra. Tinham um brilho encantador. Passavam
por mim horas seguidas, atormentando o meu corpo e todos os seus sentidos.
Atingiam a maior altura e todo o meu ser ficava embebido nelas. Causavam-me
dores indizíveis. Mas, apesar disso, eu sentia necessidade de me mergulhar
nelas, para assim me purificar. Como a borboleta louca pela chama, eu estava
também louca e queria de braços abertos entrar naquele fogo que atormentava mas
não destruía, vivendo só numa ânsia; libertada daqui vou para o meu Jesus. Eu
não sabia o significado de todo este sofrimento. Soube sentir e mais nada. Jesus
veio explicar-mo.
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