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PONTOS
DE REFLEXÃO
I LEITURA 1Re 19,4-8.
Elias penetra no deserto
para fugir dos seus inimigos. Aqui é invadido pelo desânimo e pela
angustia, o “desejo de morrer” é muito forte. Mas o “anjo” do Senhor vai
ao seu encontro e encoraja-o, fazendo que encontre pão e água. O profeta
ganha coragem, e com a “força” deste alimento chega ao Horeb, o monte da
Aliança. Compreende que o Senhor está do seu lado e que revelar-se a ele,
como outrora fez com Moisés.
No monte Carmelo, Elias
teve uma luta muito dura com quatrocentos profetas de Baal, diante dos
quais provou que o único Deus é JHWH. Perseguido pela rainha Jezabel, o
profeta foge então para o deserto.
O deserto é um lugar
inóspito e interminável, sem vida. A vida está distante, é preciso
atravessar o deserto para a encontrar. Entrar no deserto significa a
morte. Um dia os antepassados de Israel encontraram o seu Deus no
deserto, e guiados por Ele chegaram à terra prometida. Agora, pelo
contrário, um profeta em crise percorre um caminho inverso dos seus
pais: deixa a fértil e regressa ao deserto para fugir aos seus
perseguidores. Elias já não possui uma razão para viver. Pensa ter
merecido o castigo divino, como os seus “pais”, que pelos seus pecados
morreram no deserto.
Mas o próprio Deus,
representado pela figura do “anjo do Senhor”, sacode-o e fá-lo encontrar
pão e água, os alimentos necessários para continuar o seu caminho. Isso
acontece uma vez, depois uma segunda vez. Então Elias compreende e
retoma o caminho. Aquele pão e aquela água dão-lhe “forças” que lhe
garantem chegar à presença do próprio Senhor.
II LEITURA Ef 4,30-5,2
No batismo o Espírito santo
assinala profundamente aqueles que crêem em Jesus e com Ele caminham em
direção à plena “redenção”, isto é, para o cumprimento final da salvação.
“Contristar o Espírito” significa por isso opor-se à Sua ação. Isto
acontece quando se dá plena liberdade a toda uma série de vícios que
perturbam as relações interpessoais. A estas se opõe a prática do “amor”,
que deriva da relação pessoal com “Cristo” e desagua na “imitação de
Deus”.
A presença do Espírito é
uma aspecto essencial de uma autêntica caminhada de fé. É em virtude do
Espírito que o Deus transcendente Se torna presente no íntimo de quem
crê e o guia para a “redenção” plena. Por conseguinte, o Espírito atua
espontaneamente no coração de todos: mas só o verdadeiro crente não o
“contrista” deixando-se guiar por Ele.
A ausência do Espírito
manifesta-se no conflito, típico das relações interpessoais baseadas no
egoísmo e na instrumentalização do outro. O sinal da Sua presença deve,
ao invés, no modo diferente de relacionar-se com o próximo. A atuação do
Espírito manifesta-se nos gestos de “bondade”, “compaixão” e, sobretudo,
no “perdão”, que significa acolhimento e reconciliação.
EVANGELHO. Jo 6, 41-51
Para os judeus é difícil
que Deus se manifeste num homem comum, do qual se conhecem “o pai e a
mãe”, ou seja, num comum mortal. Mas Jesus sublinha que “ninguém pode
vir a Ele se o Pai não o trouxer”, porque Ele é o
Deus, que deveria ser a meta da caminhada
de todo o povo.ue um dia todo o povo seria conduzido interiormente por
Ele. No plano único que “vem de junto de Deus” e “viu o Pai”.
Quem acolhe o Filho tem a possibilidade de conhecer a Deus e de
conseguir a vida “eterna”. Jesus apresenta-Se como o “pão vivo que
desceu do Céu”, o qual dará a verdadeira vida.
A “murmuração”, típica dos
israelitas durante a peregrinação no deserto, indica incredulidade e
incapacidade para descobrir a ação de Deus na História. Os judeus não
sabem ver a manifestação de Deus em Jesus Cristo, precisamente pela
vulgaridade da Sua origem.
Esta incapacidade é
apresentada no texto como uma recusa do próprio Senhor, O qual tinha
preanunciado, mediante os profetas, que um dia todo o povo seria
conduzido interiormente por Ele. No plano de Deus, a pessoa de Jesus
deveria despertar no coração dos Israelitas o ensinamento interior do
próprio Deus. Ao afirmar que não são guiados por Deus, Jesus profere um
juízo fortemente negativo acerca da vida religiosa deles: detêm-se em
coisas materiais; não estão dispostos a fazer aquela experiência
profunda de Deus, que deveria ser a meta da caminhada de todo o povo.
O que não se realizou para
os interlocutores imediatos de Jesus foi, ao invés, aceite pelos
discípulos, os quais se tornaram assim iniciadores de uma experiência
religiosa já não restrita a um único povo. A eles, iluminados e guiados
por Deus, oferece-Se Jesus como “pão vivo, descido do céu”, e especifica
que “o pão que há-de dar é a Sua carne”, mediante a qual confere ao
mundo, isto é, a todos, a “verdadeira” vida.
Pe. José Granja |