XXV Domingo do Tempo Comum Ano B

SOYEZ LES BIENVENUS SUR LE SITE DES AMIS D'ALEXANDRINA - SEDE BEM-VINDOS AO SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA

     

XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM
— B —

 

Leitura do Livro da Sabedoria     (Sab 2, 12.17-20)

Disseram os ímpios:

« Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação.

Vejamos se as suas palavras são verdadeiras, observemos como é a sua morte.

Porque, se o justo é filho de Deus, Deus o protegerá e o livrará das mãos dos seus adversários.

Provemo-lo com ultrajes e torturas para conhecermos a sua mansidão e apreciarmos a sua paciência.

Condenemo-lo à morte infame, porque, segundo diz, Alguém virá socorrê-lo.

 

Salmo 53 (54), 3-4.5.6.8 (R. 6b)

Senhor, salvai-me pelo vosso nome,
pelo vosso poder fazei-me justiça.
Senhor, ouvi a minha oração,
atendei às palavras da minha boca.

Levantaram-se contra mim os arrogantes
e os violentos atentaram contra a minha vida.
Não têm a Deus na sua presença.

Deus vem em meu auxílio,
o Senhor sustenta a minha vida.
De bom grado oferecerei sacrifícios,
cantarei a glória do vosso nome, Senhor.

 

Leitura da Epístola de São Tiago     (Tg 3, 16-4, 3)

Caríssimos:

Onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más acções. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz.

De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós?

Não é precisamente das paixões que lutam nos vossos membros?

Cobiçais e nada conseguis: então assassinais. Sois invejosos e não podeis obter nada: então entrais em conflitos e guerras.

Nada tendes, porque nada pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, pois o que pedis é para satisfazer as vossas paixões.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Marcos     (Mc 9, 30-37)

Naquele tempo,

Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia, mas Ele não queria que ninguém o soubesse; porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes:

« O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens e eles vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará ».

Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes:

« Que discutíeis no caminho? »

Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes:

« Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos ».

E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes:

« Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou ».

 

PONTOS DE REFLEXÃO

I LEITURA  Sb 2,12.17-20

Este trecho sapiencial  faz parte de uma reflexão mais ampla que tem por protagonistas os “ímpios”. Neles é evidente a falta de Sabedoria. O motivo da sua rejeição total do “justo” consiste no facto de que este, com a sua vida e em particular com a sua “mansidão”, é para os ímpios uma “repreensão” contínua e, consequentemente, uma condenação do seu viver.

Não é fácil de adivinhar a situação ambiental e histórica desta passagem. Todavia, não estamos muito longe da verdade quando pensamos num território da diáspora judaica, ou então do exílio, e portanto na presença do hebreu piedoso, num ambiente onde a voz dos pagãos era forte ou , eventualmente, também de Judeus que tinham abandonado a fé primitiva.

Estamos perante a tentativa de sempre,   de querer que os outros sejam como nós . Os “ímpios” foram tomados de um ateísmo prático e chegaram a atribuir a orientação do homem ao acaso, a sua justiça é ditada pela lei do mais forte. Por isso decidem colocar o “justo” à “prova” e persegui-lo, porque cumpre a Torá, Palavra do Senhor, porque a sua vida e as suas palavras são uma “repreensão” contínua do seu comportamento. Dizem com ironia e desprezo que querem “ver” e “observar” se Deus cumpre a sua Palavra e está pronto a “livrá-lo da morte”: Mas, uma tal argumentação é fruto apenas da ignorância e arrogância.

Interroguemo-nos: trata-se mesmo de uma “condenação à morte” do “justo”? Provavelmente o autor  desta página sapiencial pretende apresentar um caso emblemático de perseguição, válido em muitas circunstâncias, que já se verificou ou poderia acontecer num futuro não muito distante.

II LEITURA Tg 3,16-4,3

Tiago indica alguns comportamentos e atitudes que não se conciliam com a verdadeira sabedoria. E são indicados os seus limites. É sábio aquele que sabe manter uma “boa conduta” e sabe construir ao seu redor relações fraternas e “pacíficas”, de modo a tornar-se capaz de tratar os próprios inimigos com sentimentos de “compreensão”, “generosidade” e “misericórdia”, usando para todos a medida da “bondade” e da “imparcialidade”, “sem hipocrisia”.

O redator desta página, saindo a descoberto e dirigindo-se à comunidade cristã, compara os contrastes e as lutas presentes nela, ás guerras e aos conflitos que caracterizam as dinâmicas do mundo. A este propósito, explicita com aguda intuição psicológica que todas as divisões têm origem na escuta desconsiderada das paixões, entendidas como desejo forte de posse e de gozo, assentes como sempre na tentação; e do desejo da autossuficiência e do egoísmo. Deste espírito obscurecido e contorcido só podem nascer frutos envenenados, como a cobiça, a violência, a inveja, o rancor, os desencontros, os conflitos e até o modo errado de rezar. A situação de fratura que o homem leva na alma, descrita apenas como “paixões que lutam nos seus membros”, leva inevitavelmente a divisões e lutas sem fim, inclusive na comunidade cristã. Nota-se na linguagem de Tiago, ironia, desgosto e um mal-estar evidente pelo que está a acontecer.

EVANGELHO Mc 9,30-37.

A caminhada de fé não é fácil para os discípulos. Experimentaram-no diretamente mais uma vez. Encontrando-se a sós com o Mestre, Ele aproveita para continuar a formação deles, voltando ao tema do messias sofredor. A reação dos Doze é novamente negativa e de rejeição, porque percebem que as consequências não correspondem às suas perspetivas de grandeza e de privilégios.

Continua o itinerário de Jesus com os Seus. Não estamos perante uma simples discrição em sentido geográfico, isto é, uma normal viagem para Jerusalém, mas um percurso com um denso conteúdo teológico. É uma caminhada realizada na plena obediência ao Pai, em direção a esse lugar santo onde se cumprirá a Páscoa, isto é, os mistérios da morte e da ressurreição do Filho do homem. No coração dos discípulos albergam-se ainda a escuridão e a confusão e, sobretudo, muito medo. Começando a perceber a importância dos acontecimentos, eles recusam-se a acolhê-los.

Jesus, como bom Mestre, não Se dá por vencido, e a fim de dispersar em parte as trevas, dá início a um longo diálogo com eles, em que apresenta as novas regras do Seu grupo. No texto de hoje Jesus indica a primeira: o serviço.  O Mestre propõe uma premissa irrenunciável: quem não acolher o mistério da Cruz, não saberá entrar na vida e na experiência de Jesus.

Os discípulos, todavia, começam a erguer as primeiras defesas, ao não aceitarem separar-se das suas convicções acerca do Messias. Temos uma clara discussão “no caminho” acerca de quem era o maior. Interrogados diretamente, recusam e envergonham-se de manifestar abertamente o argumento das suas conversas, portanto apanhados em flagrante. Jesus não se dá por vencido e coloca diante dos olhos deles um modelo inesperado, mas certamente de fácil leitura, uma “criança”, considerada, no ambiente palestino, privada não só de prerrogativas comuns, mas até de todos os direitos. Note-se que em aramaico o termo empregado para dizer “criança” e “servo” é o mesmo.

Jesus é exemplo luminosos para nós! Ele leva plenamente a termo a missão profética do servo, manso e humilde de coração, anuncia com as palavras e as obras a salvação aos pobres, coloca-Se no meio dos Seus “como aquele que serve”.

Padre José Granja,
Reitor da Basílica dos Congregados, Braga (Portugal)

Pour toute demande de renseignements, pour tout témoignage ou toute suggestion,
veuillez adresser vos courriers à
 :

alexandrina.balasar@free.fr