SOYEZ LES BIENVENUS SUR LE SITE DES AMIS D'ALEXANDRINA - SEDE BEM-VINDOS AO SITE DOS AMIGOS DA BEATA ALEXANDRINA

     

XXIII DOMINGO TEMPO COMUM
— C —

Leitura do Livro da Sabedoria     Sab 9, 13-19 (gr. 13-18b)

Qual o homem que pode conhecer os desígnios de Deus? Quem pode sondar as intenções do Senhor? Os pensamentos dos mortais são mesquinhos e inseguras as nossas reflexões, porque o corpo corruptível deprime a alma e a morada terrestre oprime o espírito que pensa. Mal podemos compreender o que está sobre a terra e com dificuldade encontramos o que temos ao alcance da mão.

Quem poderá então descobrir o que há nos céus? Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios, se Vós não lhe dais a sabedoria e não lhe enviais o vosso espírito santo? Deste modo foi corrigido o procedimento dos que estão na terra, os homens aprenderam as coisas que Vos agradam e pela sabedoria foram salvos.

 

Salmo 89 (90), 3-6.12-14.17 (R. 1)

Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos são como o dia de ontem que passou
e como uma vigília da noite.

Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
à tarde ela murcha e seca.

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servos.

Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo
a Filémon    (Flm 9b-10.12-17)

Caríssimo:
Eu, Paulo, prisioneiro  por amor de Cristo Jesus, rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão. Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração. Quisera conservá-lo junto de mim, para que me servisse, em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho. Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa acção não parecesse forçada, mas feita de livre vontade. Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor.

Se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Lucas     (Lc 14, 25-33)

Naquele tempo, seguia Jesus uma grande multidão. Jesus voltou-Se e disse-lhes: «Se alguém vem ter comigo, sem Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo.

Quem de vós, que, desejando construir uma torre, não se senta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que terminá-la? Não suceda que, depois de assentar os alicerces, se mostre incapaz de a concluir e todos os que olharem comecem a fazer troça, dizendo: ‘Esse homem começou a edificar, mas não foi capaz de concluir’. E qual é o rei que parte para a guerra contra outro rei e não se senta primeiro a considerar se é capaz de se opor, com dez mil soldados, àquele que vem contra ele com vinte mil? Aliás, enquanto o outro ainda está longe, manda-lhe uma delegação a pedir as condições de paz. Assim, quem de entre vós não renunciar a todos os seus bens, não pode ser meu discípulo».

 

PONTOS DE REFLEXÃO

PRIMEIRA LEITURA Sb 9,13-19

Ninguém pode conhecer os pensamentos do Senhor: se é tão difícil entender as coisas do mundo, muito mais o é compreender os desígnios de Deus e os Seus projectos sobre a nossa vida (w. 13-16). Só a «sabedoria», o «espírito» que desce «do alto», pode revelar os caminhos do Senhor e permite caminhar por eles. Mediante essa revelação os homens puderam «endireitar» as suas «veredas» e orientar a sua caminhada segundo a vontade divina. Sem a Sabedoria ninguém pode «conhecer» o que é agradável a Deus, nem pode «salvar a sua vida» (w. 17-18).

Este texto é a conclusão da célebre oração de Salomão para obter a Sabedoria (cf. Sb 9,1-18). Essa oração está colocada no centro do livro, como um digno fecho da segunda parte (caps. 6-9), que trata da Sabedoria que se deve procurar, invocar e acolher como esposa e companheira de vida.

A conclusão, referida em geral a todo o ser mortal (v. 13), alar­ga a todos as reflexões atribuídas ao sábio Salomão: se ele, tão extraordinariamente dotado, teve de pedir a Deus a Sabedoria, para conhecer os segredos e os caminhos da vida, muito mais deverão fazê-lo os outros homens. Cada pessoa, de facto, é «fraca e de vida

breve, incapaz de compreender a justiça e as leis. Mesmo o mais perfeito de entre os filhos dos homens, privado da Sabedoria de Deus, seria julgado um nada» (cf. Sb 9,5-6). A Sabedoria habita nos lugares celestes, junto do Senhor: só Ele pode dispor dela. A invocação do orante brota então espontânea e confiante ao Altíssimo: «Enviai-a dos santos céus... do Vosso trono glorioso, para que ela me assista nos meus trabalhos e me ensine o que Vos é agradável.» (9,10)

SEGUNDA LEITURA FM 9b-10.12-17

Paulo, prisioneiro, agrilhoado pelo Evangelho, nesta Carta breve e afectuosa, recomenda a Filémon que acolha o seu escravo Onésimo, o qual, mediante a fé, recebeu a liberdade em Cristo. Convida-o a recebê-lo «não já» simplesmente «como escravo», mas «como irmão», e enquanto tal, querido de Paulo como do próprio Filémon (v. 16). Como se vê, embora as relações sociais permaneçam, o espírito que as anima é novo: «Agora já não há escravos nem homens livres, já que todos são uma coisa só em Cristo.» (Gl 3,28; ICor 12,13; Cl 3,11)

Este texto constitui o centro e o objecto específico da breve Car­ta a Filémon. O texto litúrgico começa com a auto-apresentação de «Paulo», que se declara «prisioneiro por amor de Cristo Jesus» (v. 9); embora estando preso não deixou de anunciar o Evange­lho e «gerou» para a fé Onésimo, a quem ama como um «filho» (v. 10).

Por ele, escravo que mediante a fé se tornou irmão e «como se fosse o meu próprio coração» (v. 12), Paulo roga a Filémon. Poderia dar ordens, com base na missão apostólica recebida do próprio Deus («Embora tendo em Cristo plena liberdade de te ordenar», Fm 8; cf. Gl 1,11-12) e pelo facto de também a fé de Filémon, e da comunidade a que pertence, seja devida à sua pregação, mas Paulo prefere pedir em nome da caridade. Não só: ele próprio «nada quis fazer sem o consentimento» de Filémon, não quis colocá-lo perante uma decisão já tomada «para que a tua boa acção não parecesse forçada, mas feita de livre vontade» (v. 14).

Onésimo, de escravo e fugitivo, agora regressa espontanea­mente e «para sempre» para junto de Filémon (v. 15): que este o receba «não já» «como escravo», mas como «um irmão» e por isso o acolha como faria com o próprio Paulo (w. 16-17).

EVANGELHO Lc 14,25-33

Na redacção de Lucas, o texto é introduzido pela verificação de Jesus de que «O seguia uma grande multidão» (v. 25), embora na narração anterior tenha contado a rejeição dos convidados para a ceia do Reino (cf. Lc 14,15-24), Dirigindo-Se então às pessoas, Jesus proclama que ninguém pode ser «Seu discípulo» se não renunciar aos afectos mais queridos, à sua própria «vida», e não seguir o Mestre «carregando» atrás dEle a «sua cruz» (w. 26-27). Com a comparação da «torre» a construir e da «guer­ra», que não se devem começar sem possuir as condições adequadas, Jesus declara a impossibilidade de ser seguido por aqueles que não renunciam aos seus haveres (w. 28-33).

Note-se o contraste entre as pessoas numerosas que seguem Jesus e a selecção radical imposta pela sequela: «Se alguém vem ter comigo...» (v. 26a) O contraste não é somente a nível quantitativo-numérico, mas também qualitativo, entre o andar simplesmente com Jesus, como faziam as multidões, e a decisão pessoal e extremamente comprometedora de colocar o Mestre no primeiro lugar, sem meias medidas, dando-Lhe a precedência sobre tudo o que deriva da carne e do sangue, inclusive sobre «a própria vida». Exige-se, portanto, uma morte e uma ressurreição, uma nova vida que nasce da cruz que o discípulo transporta no seguimento e em comunhão com o seu Senhor. Verifique-se a propósito a sequência impressionante dos «não» em relação às pessoas e às realidades mais queridas: pai; mãe; esposa; filhos; irmãos; irmãs (v. 26b).

E não basta ter decidido de uma vez por todas, ter assentado os alicerces, como se vê na comparação com a «torre» (w. 28-30); requer-se a constância, a perseverança numa opção radical, de acordo com o estilo do Mestre. Não nos podemos esquecer de que estamos no contexto da célebre «viagem» para a Cidade Santa, introduzido com uma fórmula que revela todo o Seu programa: Jesus «tomou a firme decisão de Se dirigir para Jerusalém» (Cf. Lc 9,51).

(…)

Para fazer opções deste género requer-se ser iluminado por Deus, possuir a Sua «sabedoria» (primeira leitura), sem a qual ninguém pode pôr-se na sequela do Mestre, cujo destino é o de sofrer muito para entrar na Sua glória (cf. os anúncios da Paixão, Mc 8,31-33; 9,30-32; 10,32-34 e paralelos): um discur­so duro e inacessível não só para as multidões como também para os discípulos. É mesmo aqui que naufragam a sabedoria humana e as tentativas para entrar nos projectos de Deus.

Padre José Granja,
beneditino

Pour toute demande de renseignements, pour tout témoignage ou toute suggestion,
veuillez adresser vos courriers à
 :

alexandrina.balasar@free.fr