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PONTOS DE REFLEXÃO
PRIMEIRA
LEITURA Am.
la. 4-7
Às
desventuras, ameaças e castigos, anunciados repetidamente contra a
falsa religiosidade e as injustiças sociais, o profeta Amos acrescenta
neste trecho uma crítica cheia de sarcasmo contra as pessoas mais
notáveis e conceituadas de entre o povo. Estas iludem-se, julgando estar
em segurança, perdendo o tempo e a vida em comportamentos
irresponsáveis, prazeres e delícias de todos os géneros, não pensando
sequer na ruína de Israel (w. la.4-6). Estes serão os primeiros a ser
levados para a escravidão (v. 7).
Com a rudeza e
as características de um pastor de rebanhos e com a riqueza e a
variedade de imagens de um homem do campo, Amos condena decididamente a
corrupção, as injustiças sociais e a segurança ilusória depositada em
ritos de culto que não comprometem a vida. A sua pregação anuncia o
juízo de Deus, primeiro sobre a nação, por causa dos seus delitos
horrendos (cf. Am.
1,3-2,3), e depois sobre o próprio Israel, povo eleito, que,
precisamente por isso, terá de pagar por todas as iniquidades cometidas
(cf. 2,6 ss.).
O texto de
hoje é dirigido de modo extremamente severo aos chefes e às pessoas
notáveis da «Samaria», causadores da ruína da nação. Estamos perante uma
espécie de contrapasso: aqueles que levaram o povo à ruína serão os
primeiros a ser levados para o exílio. O começo e o final do texto
apresentam uma inclusão significativa, cheia de ameaças e de condenação:
uma advertência no versículo 1, «Ai daqueles que vivem comodamente em
Sião e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria»; e um juízo de
condenação no versículo 7, «Por isso, agora partirão para o
exílio à frente dos deportados».
Entre a ameaça do início e o Juízo Final está contida
tragicamente a desconcertante irresponsabilidade dos nobres e dos
chefes do povo.
SEGUNDA
LEITURA ITm.
6,11-16
Na conclusão
da Carta, são dirigidas a Timóteo algumas esplêndidas exortações de
comportamento, inspiradas «na justiça, na piedade, na fé e na caridade,
na perseverança e na mansidão» (cf. v. 11). Depois é convidado a
«combater o bom combate da fé», para «conquistar a vida eterna para a
qual foste chamado e sobre a qual fizeste tão bela profissão de fé» (cf.
v. 12). O texto termina com uma forte exortação a conservar de modo
«irrepreensível» o depósito da fé que lhe foi confiado «até à aparição
de Nosso Senhor Jesus Cristo» (v. 14).
O texto
apresenta as últimas e solenes exortações dirigidas por Paulo a Timóteo.
Em termos negativos, o discípulo, enquanto «homem de Deus», é convidado
a fugir das atitudes dos falsos mestres e dos cristãos não autênticos,
apresentados nos versículos imediatamente precedentes da Carta (cf
ITm 6,3-10). Em termos
positivos, e é isso que mais conta, deve procurar, melhor, conquistar
as qualidades e dimensões da vida que constroem um verdadeiro homem de
Deus (cf. v. 11). Equipado com essas virtudes, Timóteo pode «combater o
bom combate da fé», esforçando-se por conquistar a «vida eterna»,
vocação fundamental do cristão,
fundada na «profissão de fé» baptismal e, no seu caso, também no
chamamento ao ministério (v. 12). A radicalidade e solenidade do
texto manifestam-se nas formas imperativas: «pratica» a justiça;
«combate» o bom combate da fé; e pela exortação: «conquista» a vida
eterna.
O apelo
torna-se imperioso nos versículos 13-14: «Ordeno-te na presença de Deus
[...] e de Cristo Jesus, que deu testemunho da verdade diante de Pôncio
Pilatos, guarda o mandamento do Senhor sem mancha e acima de toda a
censura.»
EVANGELHO-Lc. 16, 19-31
As parábolas
propõem uma mensagem não condicionada pelo tempo: valem para todas as
épocas e conservam uma surpreendente actualidade, em particular quando
se referem à relação entre a riqueza e a pobreza. Jesus tinha-o
referido, «Pobres sempre os tereis convosco» (Jo 12,8), não porque assim
tenha decidido o Criador, mas por causa dos «demasiado ricos» em
contraposição aos «demasiado pobres». Deus um dia fará inverter a sorte
de uns e de outros, mas cada um de nós e a comunidade dos crentes
devemos antecipar – realizando-a pelo menos em parte – a condição do
mundo futuro.
Esta parábola,
como se sabe, encontra-se somente em Lucas, o evangelista dos pobres, o
qual vê na riqueza mal gerida um perigo mortal para a fé e para a posse
do Reino. Lucas é também o evangelista que sublinha, mais do que os
outros, as «inversões da situação» (cf. em particular o Magnificai
e as bem-aventuranças/
/infelicidades, cf. Lc 1,48.51-53; 6,20-26) em que os últimos serão
primeiros e os primeiros serão os últimos (cf. Lc 15,30).
Neste texto a
inversão diz respeito ao rico e ao pobre. Com a parábola de hoje, Jesus
pretende mostrar o engano escondido nos bens deste mundo, usados
egoística e irresponsavelmente. Colocar a confiança nas riquezas
significa adorar os ídolos, os quais não podem salvar ninguém e caem na
ruína juntamente com os que neles confiaram. O pobre não cai nessa
ratoeira: não pode iludir-se confiando nos bens terrenos; dele, que não
tem outras seguranças, ocupa-Se o Senhor, o qual um dia transformará a
sua pobreza na abundância dos bens do Reino (w. 22,25-26a). Até esse
momento, os pobres são confiados ao esforço dos crentes e à
solidariedade de todos os que compreenderam o sentido e a finalidade dos
bens terrenos, destinados sem distinção a todos os filhos de Deus.
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