Madre Teresa da Anunciada nasceu e foi
baptizada no dia 25 de Novembro de 1658, na freguesia
de São Pedro da
então vila da Ribeira Grande. Entrou para o Convento da
Esperança onde iniciou o seu noviciado, em 19 de Novembro de 1681, vindo a fazer
os votos solenes em 23 de Julho de 1683. Morreu, com fama de santidade, em 16 de
Maio de 1738.
O prelado da Diocese de Angra deu início
ao processo jurídico sobre a Vida e Virtudes de Madre Teresa, em 5 de Maio de
1738; nesse mesmo ano, em 6 de Agosto, o Provincial dos Franciscanos nos Açores
deu início ao processo jurídico da Vida e Virtudes de Madre Teresa, feito pela
Ordem de São Francisco.
Há poucos anos, circulou, entre a
população açoriana, um abaixo-assinado, dirigido ao Santo Padre, do seguinte
teor:
"O povo dos Açores tem um grande amor e
devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres. Amor e devoção que ultrapassaram em
muito as fronteiras da Região, porquanto em todos os países da diáspora açoriana
se celebram festas em honra do Senhor Santo Cristo e são muitos milhares os que,
de quase todo o mundo, se deslocam todos os anos em peregrinação de súplica ou
acção de graças ao Senhor.
Tudo começou com uma Religiosa
Clarissa, Madre Teresa da Anunciada que, no silêncio do convento, recebeu um
apelo especial para honrar e desagravar o Senhor na Sua Flagelação representado
na Imagem do Ecce Homo.
A partir, sobretudo de 1700, o culto ao
Senhor Santo Cristo dos Milagres tomou tal grandeza que, desde então, nunca mais
esfriou. As graças e os milagres têm sido uma constante. Madre Teresa da
Anunciada foi um instrumento para ajudar a recordar aos homens que Deus é
solidário com o Seu povo.
Monja de vida austera e intrépida na
sua fé, pela oração intensa, pelo seu amor a Jesus e à Eucaristia e pela sua
devoção a Maria Santíssima, é tida como modelo de santidade e considerada a
grande intercessora junto do Senhor que tanto amou.
Por isso, junto a minha voz à de muitos
sacerdotes e fiéis, implorando a Vossa Santidade seja concedido o "nihil obstat"
para a organização do Processo de Beatificação da Serva de Deus a fim de ser
elevada à honra dos altares, assim o espero".
O Reitor do Santuário da Esperança,
Monsenhor Agostinho Tavares, já anunciou que vai solicitar a intervenção junto
da Santa Sé do novo Bispo dos Açores, D. António Braga, no sentido da
beatificação de Madre Teresa da Anunciada.
Os restos mortais de Madre Teresa
conservam-se numa pequena urna que se guarda na Capela do Senhor Santo Cristo,
no Mosteiro da Esperança.
Em fins do século passado, ou começos
deste século, um dos bispos de Angra mandou abrir a caixa, que ainda hoje se
conserva no coro baixo do Convento da Esperança e que contém os despojos mortais
de Madre Teresa da Anunciada.
Removida que foi a respectiva cobertura,
logo se evolou um magnífico e inexplicável aroma. Poderá alguém, mais exigente,
não querer aceitar o facto. O certo é, porém, que da vida da Madre Teresa se
evola um perfume que resiste a todas as inconsequências dos homens, a todos os
desvios de alguns devotos, certamente sinceros, mas pouco esclarecidos.
O pai de Teresa de Jesus (mais tarde,
Teresa da Anunciada) foi Jerónimo Ledo de Paiva, nascido na Ribeira Seca da
Ribeira Grande, em Julho de 1601. A mãe foi Maria do Rego Quintanilha, baptizada
na paroquial de S. Jorge, da Vila do Nordeste, em 11 de Agosto de 1614. A
prolongada doença de Jerónimo Ledo de Paiva, que acabou por vitimá-lo, numa
sexta-feira, 24 de Janeiro de 1666, foi a grande desgraça que se abateu sobre
esta família, de treze filhos, sendo Teresa a mais nova. Foi sua irmã, Joana de
Santo António, que fez os impossíveis até conseguir que Teresa de Jesus entrasse
no Convento de Nossa Senhora da Esperança.
Quando Teresa chegou à idade de aprender a
ler, sucedeu que veio por essa ocasião do Brasil seu irmão, Frei Simão do
Rosário, para descansar alguns meses e restabelecer-se das extenuantes missões
pelo sertão brasileiro. Ensinou a ler as irmãs mais moças e Teresa deliciava-se
com a leitura da vida de santos, em especial as "Meditações de Santa Brígida".
Quando chegou o dia da profissão de
Teresa, a procissão de ingresso que se organizou com luzido acompanhamento, saiu
da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, do Convento dos Franciscanos, para a de
Nossa Senhora da Esperança. Sobressaía a figura de Teresa de Jesus que, nesse
momento, já estava crismada com o nome que a devia celebrizar - Teresa da
Anunciada.
A família, os convidados e o conjunto
musical, acompanhados de alegre repicar de sinos das torres de várias igrejas
circunvizinhas, festejavam este acontecimento.
Quando Teresa entrou para o Mosteiro da
Esperança, estava no coro baixo, a um lado, num pequeno altar, uma imagem do
Senhor, no passo do "Ecce Homo", que tinha um registo a tapar a abertura do
peito, pois outrora servira de sacrário. A pedido de sua irmã, Joana de Santo
António, Teresa conseguiu um novo altar para a Imagem que foi a encarnar. Pediu
a Madre Jerónima do Sacramento, do Convento de Santo André, de Ponta Delgada,
que fizesse uma cana de flores de seda, para ornar o Senhor quando regressasse
ao seu novo altar.
A Imagem do Senhor Santo Cristo estava no
seu novo altar, mas o tecto do coro era formado pelo soalho do coro alto que,
além de velho, tinha muitas frinchas que deixavam passar o pó, além do barulho
que se sentia quando se andava no coro alto. Teresa conseguiu que fosse
construída uma capela e, a seu pedido, D. Pedro II, por alvará de 2 de Setembro
de 1700, concedeu uma tença de doze mil réis, para manter acesa, dia e noite,
uma lâmpada de azeite diante do altar do Senhor Santo Cristo.
Nenhuma dessas capelas chegou aos nossos
dias, mas, sim, uma terceira, mandada construir posteriormente e que foi benzida
a 22 de Março de 1771. Foi por esta época que Madre Teresa da Anunciada desejou
que a Imagem do Senhor saísse em procissão, passando por todas as igrejas e
conventos da cidade. Por intermédio do Conde da Ribeira Grande, obteve licença
do Prelado, D. Frei António de Pádua, e a primeira procissão do Senhor Santo
Cristo realizou-se a 11 de Abril de 1700, segundo o investigador Urbano de
Mendonça Dias. (O investigador mais recente Luciano Mota Vieira invocou
pesquisas que fazem recuar para 1698 a primeira procissão. O cortejo repetiu-se
em Abril de 1700 e foi esta data que, durante muito tempo, foi apontada como
sendo a da primeira procissão).
A devoção que esta procissão despertou foi
tal que nunca mais deixou de se realizar, salvo uma ou outra vez, por efeito de
mau tempo. É a maior devoção que se realiza em terras portuguesas.
Madre Teresa parece que não teve velhice,
tal a energia que manteve até ao fim da vida. A última doença prostrou-a
aceleradamente. Os jejuns, os cilícios, as penitências e uma cama feita com uma
enxerga de palha sobre ramos, parece que nunca lhe tiraram as forças do corpo e
lhe fortificaram as da alma. A doença que a vitimou não foi longa. Pressentiu a
morte que chegou ao amanhecer de sexta-feira, dia 16 de Maio de 1738. Teresa ia
completar, em Novembro seguinte, 80 anos de idade. A devoção que Teresa da
Anunciada tão intensamente sentiu por Cristo no passo do "Ecce Homo" foi dando,
através dos séculos, novas ressonâncias ao culto do Senhor, a ponto de ter
chegado aos nossos dias, com notável influência na espiritualidade do nosso
Povo.
A 16 de Maio de 1954, foi colocada uma
lápide comemorativa na casa onde nasceu a Madre Teresa, sita à Rua do Torninho,
na Ribeira Seca.
A 12 de Maio de 1963, foi inaugurado,
junto à igreja da Ribeira Seca, um busto da Madre Teresa, da autoria do escultor
Numídico Bessone.
Em Dezembro de 1992, Madre Teresa da
Anunciada foi oficialmente designada Patrona da escola n° 5 da Ribeira Seca.
A grande estátua da Madre Teresa, junto ao
Santuário do Santo Cristo, em Ponta Delgada, foi inaugurada em 26 de Maio de
1984.
HINO (Para
ouvir o hino do Senhor Santo Cristo dos Milagres)
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