Turíbio
Alfonso de Mongrovejo nasceu na cidade de Majorca de Campos, Leon,
na Espanha, em 1538, no seio de uma família nobre e rica. Estudou em
Valadolid, Salamanca e Santiago de Compostela, licenciado em
direito
e foi membro da Inquisição. Sua vida era pautada pela honestidade e
lisura, mas, jamais poderia suspeitar que Deus o chamaria para um
grande ministério. Quando então foi nomeado Arcebispo para a América
espanhola, pelo Papa Gregório XIII, atendendo um pedido do rei
Felipe II, da Espanha, que tinha muita estima por Turíbio.
O mais
curioso é que ele teve de receber uma a uma todas as ordens de uma
só vez até finalizar com a do sacerdócio, para em 1580, ser
consagrado Arcebispo da Cidade dos Reis, chamada depois Lima, atual
capital do Peru, aos quarenta anos de idade. Isso ocorreu porque
apesar de ser tonsurado, isto é, ter o cabelo cortado como os
padres, ainda não pertencia ao clero. E, foi assim que surgiu um dos
maiores apóstolos da Igreja, muitas vezes comparado a Santo
Ambrósio.
Chegando à América espanhola em 1581, ficou espantado com a miséria
espiritual e material em que viviam os índios. Aprendeu sua língua e
passou a defendê-los contra os colonizadores, que os exploravam e
maltratavam. Era venerado pelos fiéis e considerado um defensor
enérgico da justiça, diante dos opressores.
Apoiado
pela população, organizou as comunidades de sua diocese e depois
reuniu assembléias e sínodos, convocando todos os habitantes para a
evangelização. Sob sua direção, foram realizados dez concílios
diocesanos e os três provinciais que formaram a estrutura legal da
Igreja da América espanhola até o século XX. Inclusive, o Sínodo
Provincial de Lima, em 1582, foi comparado ao célebre Concílio de
Trento. Conta-se que neste sínodo, com fina ironia, Turíbio desafiou
os espanhóis, que se consideravam tão inteligentes, a aprenderem uma
nova língua, a dos índios.
Quando
enviou um relatório ao rei Felipe II, em 1594, dava conta de que
havia percorrido quinze mil quilômetros e administrado o sacramento
da crisma a sessenta mil fiéis. Aliás, teve o privilégio e a graça
de crismar três peruanos, que depois se tornaram santos da Igreja:
Rosa de Lima, Francisco Solano e Martinho de Porres.
Turíbio
fundou o primeiro seminário das Américas e pouco antes de morrer
doou suas roupas, inclusive as do próprio corpo, aos pobres e aos
que o serviram, gesto, que revelou o conteúdo de toda sua vida.
Faleceu no dia 23 de março de 1606, na pequena cidade de Sanã, Peru.
Foi canonizado em 1726, pelo Papa Bento XIII, que declarou São
Turíbio de Mongrovejo "apóstolo e padroeiro do Peru", para ser
celebrado no dia do seu trânsito.
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