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A sua piedade

          Verifiquei para logo, que era uma alma de grande oração e continua união com Deus.

          Neste ponto, muito cedo começou o Divino Espírito Santo a atrai-la a Si e a ser o seu Mestre. Nas suas notas autobiográficas escreve, referindo-se à idade de quatro anos : « Já nesta idade, amava a oração ». E mais adiante : « Pelos nove anos, quando me encontrava sozinha, punha-me a contemplar a natureza, o romper da aurora, o nascer do Sol, o gorgeio das avezinhas, o murmúrio das águas : entrava em mim uma contemplação profunda, que quase me esquecia de que vivia no mundo. Chegava a deter os meus passos e ficar embebida neste pensamento : o poder de Deus ! E quando me encontrava à beira-mar, oh ! como me perdia, diante daquela grandeza infinita ! Á noite, ao contemplar o céu e as estrelas, parecia esconder-me mais ainda, para admirar as belezas do Criador !

          « Quantas vezes no meu jardinzinho, onde hoje é o meu quarto, fitava o céu, escutando o murmúrio das águas, ia contemplando cada vez mais este abismo das grandezas divinas » !

          Gostava muito de ir à Igreja e chegava-me para junto da minha catequista e rezava tudo a que ela queria. Não deixava dia nenhum de rezar a estação ao Santíssimo Sacramento, meditada, quer fosse na Igreja, quer em casa ou até pelos caminhos, fazendo sempre a comunhão espiritual... Gostava muito de fazer meditações ao Santíssimo Sacramento e à Mãezinha (é assim que ela designa quase sempre Nossa Senhora) e quando não podia fazê-las de dia, fazia-as de noite, às escondidas de todos, reservando uma vela que escondi a para esse fim »...

          Quem assim possuía espirito de oração, na infância e ao desabrochar da adolescência, não admira que nele vá crescendo sempre até sumo grau. É ponto este que requer estudo demorado e não cabe neste breve resumo ; mas a documentação é numerosa e edificante.

          Em carta de 26-XII-35 declara, a prop6sito da aridez espiritual que a afligia : «Não sei como possa ser isto, pois desde que cheguei ao usa da razão, não me lembro de passar dia nenhum, sem que me lembrasse de Nosso Senhor »

          É sobretudo depois de entrevar que esse orar se torna intenso e continuo e toma particularmente a feição de uma ininterrompida adoração e amor a Jesus Sacramentado. Não resistimos ao copiar das notas biográficas o que se segue, em que há simplicidade encantadora e sublimidade profunda e só podia ser escrito par quem o viveu :

          « Pela manhãzinha principiava a fazer as minhas orações, começando pelo sinal ,da Cruz e logo me lembrava de Jesus Sacramentado, fazendo a Comunhão espiritual e dizendo esta jaculat6ria : “Sagrado Coração de Jesus, este dia é para Vós”. Repetia-a por três vezes, depois continuava : “a vossa bênção, Jesus ; eu quero ser santa. Ô Jesus, abençoai a vossa filha que quer ser santa”. Dizia também : “Louvado seja N osso Senhor... As Três Pessoas da Santíssima Trindade me abençoem, assim como São José, Maria Santíssima e todos os Anjos, Santos e Santas do Céu. Que as bênçãos do Céu desçam sobre mim e nada terei a temer. Serei santa, são esses os meus mais ardentes desejos”. Rezava três glorias, depois oferecia as obras do dia : “Ofereço-Vos, ó meu Deus, em união etc.”... P. N., A. M., Gl... “Sagrado Coração de Jesus que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada vez mais”, e o Credo. Depois continuava : “Ó meu Jesus, eu me uno em espirito neste momento e desde este momento para sempre a todas as santas Missas que de dia e de noite se celebram na terra. Jesus, imolai-me convosco ao Eterno Pai pelas mesmas intenções que Vós mesmo Vos ofereceis ».

          E continua, mostrando como unia intensamente as suas devoções mais características, ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora :

          « Voltada para a Mãezinha, dizia-lhe : Ave Maria, cheia de graça ; eu vos saúdo, ó cheia de graça ! Ó Mãezinha, eu quero ser santa ; ó Mãezinha, abençoai-me e pedi a Jesus que me abençoe » ; e consagra-se a Ela assim : « Mãezinha, eu vos consagro meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu coração, a minha alma, a minha virgindade, a minha pureza, a minha castidade... Aceitai, Mãezinha, é vossa, sois Vós o cofre sagrado, o cofre bendito da nossa riqueza. Consagro-Vos o meu presente e o meu futuro, a minha vida e a minha morte, tudo quanto me derem a mim, rezarem por mim e oferecerem por mim. Õ Mãezinha, abri-me os vossos santíssimos braços, tomai-me sobre eles, estreitai-me ao vosso santíssimo Coração, cobri-me com o vosso manto e aceitai-me como vossa filha muito amada, muito querida e consagrai-me toda a Jesus. Fechai-me para sempre no Seu Divino Coração e dizei-lhe que O ajudareis a crucificar-me, para que não fique no meu corpo nem na minha 'alma nada por crucificar...

          Ó Mãezinha, fazei-me humilde, obediente, pura, casta na alma e no corpo. Fazei-me um anjo ; transformai-me toda em amor, consumi-me toda nas chamas do amor de Jesus. Ó Mãezinha, pedi perdão a Jesus por mim ; dizei-lhe que é o filho pródigo que volta a casa do seu bom Pai, disposta a segui-Lo, amá-Lo, adorá-Lo, a obedecer-Lhe, a imitá-Lo. Dizei-lhe quenão quero mais ofendê-Lo. Ó Mãezinha, obtende-me uma dor tão grande dos meus pecados, que seja tal o meu arrependimento, que eu fique pura, que fique um anjo, pura como fiquei depois do meu baptismo, para que pela minha pureza mereça a compaixão do meu Jesus, de O receber sacramentalmente todos os dias e de possuí-Lo para sempre em mim, até dar o último suspiro.

          Mãezinha, vinde comigo para os sacrários, para todos os sacrários do mundo, para toda a parte e lugar onde Jesus habita sacramentado. Fazei-Lhe a minha humilde oferta. Ó como Jesus ficará contente com a oferta mais pobrezinha, mais miserável, mais indigna, mas oferecida por Vós ! Como terá valor junto do vosso e meu querido Jesus !... Ó Mãezinha, eu quero andar de sacrário em sacrário, a pedir favores a Jesus, como a abelhinha de flor em flor a chupar-lhe o néctar ! Ó Mãezinha, eu quero formar um rochedo de amor em todo o lugar onde Jesus habita sacramentado, para que não haja nada que possa intermeter-se entre o amor, para ir ferir o Seu Santíssimo Coração, renovar as suas santíssimas chagas e toda a sua Paixão. Mãezinha, falai no meu coração e nos meus lábios, fazei mais fervorosas as minhas orações e mais valiosos os meus pedidos.

          Ó meu querido Jesus, eu me consagro toda a Vós. Abri-me de par em par o vosso Santíssimo Coração. Deixai que eu entre nesse Coração bendito, nessa fornalha ardente, nesse fogo abrasador. Fechai-o, meu bom Jesus, deixai-me toda dentro do vosso amantíssimo Coração ; deixai-me dar aí o último suspiro [1], embriagada no vosso divino amor Não me deixeis separar de Vós na terra, senão par a me tornar a unir a Vós no Céu por toda a eternidade.

          Ó meu querido Jesus, eu me uno em espírito neste momento e desde este momento para sempre a todas as santas Hóstias da terra, em cada lugar onde habitais sacramentado. Ai ! quero passar todos os momentos da minha vida constantemente, de dia e de noite, alegre ou triste, só ou acompanhada, sempre a consolar-Vos, a adorar-Vos, a amar- Vos, a louvar- Vos e a glorificar- Vos. Ó meu Jesus, eu queria tantos actos de amor meus constantemente a cair sobre Vós de dia e de noite, como a chuva miudinha cai do céu para a terra, num dia de inverno; não queria só mas de todas as criaturas do mundo inteiro !... Ó como eu Vos queria amar e ver amado por todos ! Vêde, Jesus, os meus desejos e aceitai-mos já, como se eu Vos amasse. Ó Jesus, nem um só sacrário fique no mundo, nem um só lugar onde habitais sacramentado, sem que hoje e desde hoje para sempre, em cada momento da minha vida eu esteja lá sempre a dizer : Jesus, eu amo-Vos ! Jesus, eu sou toda vossa. Sou a vossa vítima, a vítima da Eucaristia, a lampadazinha das vossas prisões de amor, a sentinela dos vossos sacrários ! Ó Jesus, eu quero ser vítima dos Sacerdotes, a vítima dos pecadores, a vítima do vosso amor, da minha família, da vossa santíssima Paixão, das Dores da Mãezinha, do vosso Coração, da vossa santa Vontade, a vítima do mundo inteiro ! Vítima da paz, vítima da consagração do mundo à Mãezinha!...

          Ó Jesus, vou convidar a Mãezinha ; é Ela quem Vos vai falar por mim ! Vou e venho já, sim, meu Jesus.

          “Ave Maria, cheia de Graça ! Eu vos saúdo, cheia de graça ; Mãezinha, vinde comigo para os sacrários ; vinde cobrir o meu Jesus de amor. Oferecei-Lhe tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer, tudo quanto se possa imaginar como actos de amor para Nosso Senhor Sacramentado” !

          Dizia três vezes — continua ela — graças e louvores se dêem a cada momento, ao Santíssimo e diviníssimo Sacramento... e fazia a comunhão espiritual já descrita ; nesta altura dizia tudo isto que se segue a Nossa Senhora para Ela repetir ao Seu amado Filho, por mim :

          “Ó Jesus, cá está a Mãezinha ; escutai-A ; é Ela quem Vos vai falar por mim, ó querida Mãezinha do Céu, ide dar beijinhos aos sacrários, beijos sem conta, abraços sem conta, mimos sem conta, carícias sem conta, tudo para Jesus Sacramentado, tudo para a Santíssima Trindade, tudo para Vós ! Multiplicai-os muito, muito, e dai-os de um puro e santo amor, dum amor que não possa mais amar, cheios de umas santas saudades, por não poder ir eu já beijar e abraçar Jesus Sacramentado, a Santíssima Trindade e a Vós, minha Mãe querida, pois não sois Vós a criatura mais amada e mais querida de Jesus ? Ó dai-os então em meu nome, com esse amor com que amais e sois amada ! »

          Logo a seguir vem uma passagem que nos faz lembrar o Canto do Sol de S. Francisco, ou o Benedicite ; saboreemo-lo :

          « Ó meu Jesus, eu quero que cada dor que sentir, cada palpitação do meu coração, cada vez que respirar, cada segundo das horas que passar, sejam actos de amor para os vossas sacrários.

          Eu quero que cada movimento dos meus pés, das minhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada vez que abrir os meus olhos ou fechar, cada lágrima, cada sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada tribulação, cada distracção, contrariedades ou desgostos, sejam actos de amor para os vossos sacrários.

          Eu quero que cada letra das orações que rezo, ou oiço rezar, cada palavra que pronuncie ou oiça pronunciar, que leia ou oiça ler, que escreva ou veja escrever, que cante ou oiça cantar, sejam actos de amor para os vossos sacrários.

          Eu quero que cada beijinho que vos der, nas vossas santas imagens, nas da Vossa e minha querida Mãezinha, nos vossos Santos e Santas, sejam actos de amor para os vossos sacrários.

          Ó Jesus, eu quero que cada gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o mundo encerra, oferecida às gotas, todas as areias do mar e tudo o que o mar contém, sejam actos de amor para os vossos sacrários.

          Eu Vos ofereço as folhas das árvores, todas as frutas que elas possam ter, as florzinhas oferecidas folhinha a folhinha (pétala a pétala), todos os grãozinhos e sementes e cereais que possa haver no mundo e tudo o que contêm os jardins, campos, prados e montes, ofereço tudo como actos de amor para os vossos sacrários.

          Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas das avezinhas, o gorgeio das mesmas, os pêlos e as vozes de todos os animais, como actos de amor para os vossos sacrários.

          Ó Jesus, tudo o que o mundo encerra, todas as grandezas, riquezas e tesoiros do mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer- Vos, tudo quanto se possa imaginar, como actos de amor para os vossos sacrários.

          Ó Jesus, aceitai o céu, a terra, e o mar, tudo, tudo, quanto neles se encerra, como se esse tudo fosse meu e de tudo pudesse dispor e oferecer- V os como actos de amor para os vossos sacrários ! »

          O que aí fica, deixa bem em evidência que a piedade da Alexandrina era eminentemente mariana e sobretudo eucarística. Jesus Sacramentado era todo o seu viver. Por isso não admira que tanto sofresse, quando não podia comungar. « Apesar de ser o Santíssimo Sacramento o meu maior Amigo — escrevia ela a 8-III-34 — com grande mágoa o digo, poucas, vezes o recebo ; de primeiro, trazia-me (refere-se ao novo Pároco) a Sagrada Comunhão nas primeiras sextas-feiras e primeiros sábados e domingos ; algumas vezes tenho chorado de pena. Que hei-de fazer, no meio disto ? Sofrer por amor do meu querido Jesus ».

          E a 27-9-34 desabafava ainda : « Com grande mágoa e saudade lhe digo que ainda não tornei a receber a Nosso Senhor. Se eu pudesse pagar e me trouxessem Nosso Senhor por dinheiro, quanto não daria eu ! Tenho feito muitas comunhões espirituais com o maior fervor que tenho podido. E Nosso Senhor, vai-me dando a recompensa ; vai ver como o meu bom Jesus tem sido meu Amigo. Disse-me o meu amado Jesus que será Ele o meu director continuo... » E que esplêndido director ! Quanto a estimulava na sua vida eucarística, no seu espírito de reparação ! No mês seguinte, a 4, encontramos esta passagem : « Pouco antes de mandar escrever esta carta, Nosso Senhor pediu-me o coração para o colocar dentro do d'Ele, para que eu não tivesse outro amor, a não ser o d'Ele e das suas obras. Disse-me que cabiam lá todos, mas que o meu tinha um lugar reservado. Disse-me também : “Minha filha, não tens pena de Mim ? Estou sozinho nos sacrários e abandonado e tão ofendido; anda consolar-Me, desagravar-Me ; repara tanto abandono... visitar os presos da cadeia e consolá-los é uma boa obra : Estou preso e preso pelo amor ; Eu sou o preso dos presos”... Diz Nosso Senhor, que eu sou um templo d'Ele. Templo da Santíssima Trindade são todas as almas em graça, mas eu dum modo particular que sou um sacrário que Ele escolheu para habitar e repousar e para me saciar mais a sede que tenho do Seu Sacramento de Amor... Diz-me mais o meu Jesus : que se serve de mim para que por mim vão a Ele muitas almas e por mim sejam excitadas a amá-Lo na Santíssima Eucaristia ».

          E em Novembro, a 10O de 1934 : « “...Não te canses de pedir-Me pelos pecadores ; Eu tos entrego para que mos tornes a restituir. Anda para os sacrários”. E disse-me que “ou eu reparava e era pregada a devoção dos sacrários, ou o mundo ia ser castigado, mas ai ! que tremendo castigo ! Perguntei ao meu Jesus, o que havia de fazer para O amar muito e Ele disse-me : “anda para os meus sacrários, consolar-Me, reparar. Não descanses em reparar ; dá-Me o teu corpo para o crucificar. Preciso de muitas vítimas, para sustentar o braço da minha justiça e tenho tão poucas ! Anda substituí-las... Faze que eu seja amado por todos, no meu Sacramento de amor, o maior dos meus sacramentos e o maior milagre da minha sabedaria” ».

          A 20 de Dezembro desse mesmo ano, revela-nos ela (disse-lho Nosso Senhor) : « A missão que te confiei são os meus sacrários e 0s pecadores... Por ti serão salvos muitos, muitos, muitos pecadores, não por teus merecimentos, mas por Mim que procuro todos os meios para os salvar... Queres consolar e amar muito o teu Esposo ? O Esposo das almas virgens a quem Eu amo com predilecção ? Anda para os meus sacrários, vive lá e dá-me o teu corpo para Eu o crucificar, para Eu satisfazer os meus desígnios. Sê a minha vítima de reparação pelos pecados do mundo e assim Me consolarás muito... ».

          A 6-6-35, toda se regozijava a dar a notícia de que comungava agora todos os dias : « eu continuo muito doentinha ; mas tenho tido a consolação de receber a Nosso Senhor todos os dias. Isto só por um milagre do Céu ; pois o Sr. Abade nunca me fez tal ! » Daí a três meses dizia-lhe Nosso Senhor : « São as vítimas dos sacrários que hão-de sustentar o braço da justiça divina, para não arrasar o mundo, para não virem maiores castigos... ».


[1] Ao sugerir-lhe o Sacerdote que lhe assistia na agonia, a jaculatória « Santíssima Trindade... no Vosso Coração entrego o meu espirito ». sorriu e expirou.

   

 

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