Vito
nasceu no final do século III, na antiga cidade de Mazara, na
Sicília ocidental, numa família pagã, muito rica e de nobre estirpe.
Sua mãe morreu quando ele tinha tenra idade e seu pai, Halaz,
contratou uma
ama,
Crescência, para cuidar do pequenino. Ela era cristã, viúva e tinha
perdido o único filho havia pouco tempo, era de linhagem nobre, mas
em decadência financeira. Ele ainda providenciou um professor,
chamado Modesto, para instruir e formar seu herdeiro. Entretanto, o
professor também era cristão.
Halaz era um obstinado pagão que encarava o cristianismo como
inimigo a ser combatido. Por isso Modesto e Crescência nunca
revelaram que eram seguidores de Cristo, contudo educaram o menino
dentro da religião. Dessa forma, aos doze anos, embora
clandestinamente, Vito já estava batizado e demonstrava
identificação total com os ensinamentos de Jesus.
Ao
saber do batismo, o pai tentou convencê-lo a abandonar a fé, o que
não deu resultado. Halaz partiu para a força e castigou o próprio
filho, entregando-o, então, ao governador Valeriano, que o
encarcerou e maltratou por vários dias, tentando fazer Vito abdicar
de sua fé. Modesto e Crescência, entretanto, conseguiram arquitetar
uma fuga e, segundo a tradição, com a ajuda de um anjo, tiraram Vito
das mãos do poderoso governador. Fugiram os três para Lucânia, em
Nápoles, onde esperavam encontrar paz. Mas depois de algum tempo
foram reconhecidos e passaram a viver de cidade em cidade, fugindo
dos algozes.
Neste período, Vito, que desde os sete anos havia manifestado dons
especiais, patrocinou muitos prodígios. Como o mais célebre deles,
lembrado pela tradição, quando ele ressuscitou, em nome de Jesus, um
garoto que tinha sido estraçalhado por cães raivosos.
A
perseguição a eles teve uma trégua apenas quando o filho epilético
do imperador Diocleciano ficou muito doente. O soberano, tendo
conhecimento dos dons de Vito, mandou que o trouxessem vivo à sua
presença. Na oportunidade, pediu que ele intercedesse por seu filho.
Vito, então, rezou com todo fervor e em nome de Jesus foi logo
atendido. Porém Diocleciano pagou com a traição. Mandou prender
Vito, que não aceitou renegar a fé em Cristo para ser libertado.
Diante da negativa, foi condenado à morte, que ocorreu no dia 15 de
junho, possivelmente de 304, depois de muitas torturas, quando ele
tinha apenas quinze anos de idade.
Esta
narrativa é tão antiga que alguns acontecimentos podem ser, em
parte, apenas uma vigorosa tradição cristã. Como esta outra que diz
que Vito, Modesto e Crescência teriam sido levados diante da
multidão no Circo, submetidos a torturas violentíssimas e,
finalmente, jogados aos cães raivosos. Entretanto, um milagre os
salvou. Os cães, em vez de atacá-los, deitaram-se aos seus pés.
Irado, o sanguinário Diocleciano mandou que fossem colocados dentro
de um caldeirão com óleo quente, onde morreram lentamente.
O
jovem mártir Vito existiu conforme consta no Martirológio
Gerominiano, enquanto Modesto e Crescência só foram incluídos no
calendário da Igreja no século XI. Suas relíquias, que depois de sua
morte foram sepultadas em Roma, em 755 foram enviadas para Paris.
Mais tarde, foram entregues ao santo rei da Boêmia, Venceslau, que
era muito devoto do santo. Em 958, esse rei fez construir a
belíssima catedral que leva o nome de São Vito e que conserva suas
relíquias até hoje.
Desde a Idade Média, ele é considerado um dos "quatorze santos
auxiliares", os santos cuja intercessão é muito eficaz em ocasiões
específicas e para cura determinada. No caso de são Vito,
principalmente na Europa, é invocado para a cura da epilepsia, da
"coréia", doença conhecida popularmente como "dança de São Vito", e
da mordida de cão raivoso. Além de ser padroeiro de muitas
localidades. |