VIGÉSIMO SEXTO
DIA
Quatro obstáculos aos frutos abundantes da devoção
ao Sagrado Coração de Jesus
Quatro
obstáculos nos detêm no caminho da verdadeira de- voção ao Coração
de Jesus.
É o
primeiro a tibieza, estado bem triste. A alma tíbia só faz o que não
pode omitir. Sem caridade, sem fervor, a si própria é pesada, e, em
lugar de progredir no caminho da virtude, recua. Tanto mais
deplorável é este estado, quanto menos perigoso o julgamos. Evitamos
os pecados grosseiros, e cremo-nos por isso em segurança; mas é
porque
esquecemos o que diz o Senhor no Apocalipse: “Por seres tíbio,
lançar-te-ei de minha boca”. Como se quisesse dizer: “Não mereces
viver em mim; não terás acesso até meu Coração, porque me retribuis
a ternura com frieza criminosa.” Confissões sem emenda, comunhões
sem fruto, são as consequências comuns de tão desgraçado estado.
O
amor-próprio é o segundo obstáculo. A observância do Evangelho
encerra-se toda nesta palavra de Jesus Cristo: “Se alguém quiser
seguir-me, renuncie a si próprio, tome sua cruz, e siga-me”...
Nisto, porém, poucos são os que pensam seriamente. Não gostam senão
das virtudes que lhes agradam e combinam com seu humor; como pode,
porém, um coração assim disposto unir-se com o Sagrado Coração de
Jesus?
O
terceiro obstáculo é alguma paixão favorita que poupamos e não
queremos sacrificar. Por mais que se domem quase todas, ficando uma
só deste género, torna-se impossível a união dos corações. Examinai
de boa-fé qual é a que reservais, e sacrificai-a generosamente ao
Coração de Jesus. Menos vos custará, acreditai, renunciar a ela, do
que satisfazê-la.
O
quarto obstáculo é um orgulho secreto. Vencem-se e enfraquecem-se os
outros inimigos pela prática das virtudes, ao passo que este se
fortifica com elas. Pode-se dizer que de todos os vícios nenhum há
que tanto tenha paralisado as almas no caminho da piedade, e da mais
alta perfeição as tenha abismado na tibieza e até na desordem, como
o orgulho.
Deste
espírito de vaidade procede o imoderado desejo que temos de
aparecer, de sair bem do que empreendemos, e, também, a tristeza e
desânimo em que caímos depois dos reveses; o entusiasmo que sentimos
quando nos dão louvores.
Tal
espírito insinua-se até no exercício das maiores virtudes; somos
mortificados, obsequiosos, honestos, delicados, caridosos, cheios de
zelo pela salvação, meditação, etc., mas gostamos também, (dizemos)
para edificação do próximo, que sejam conhecidas estas nossas
qualidades.
É do
orgulho que dimanam as susceptibilidades em pontos de honra,
esfriamentos, pesares que tanto se aproximam da inveja, bem como a
pena oculta que nos causam os triunfos dos outros, que buscamos
amesquinhar, e a extrema tristeza e desalento que experimentamos
quando resvalamos em alguma falta semelhante. Em suma, passamos por
espirituais, supomo-nos tais, e só nos conduzimos pela prudência
mundana; a superfície espiritual encobre paixões reais: e na hora da
morte, pessoas que julgamos encarregadas de riquezas espirituais,
acham-se com as mãos vazias de boas obras; porque certo
amor-próprio, ambiçãozinha e orgulho latente, tudo roubaram e
corromperam. Eis o verme que faz secar e tombar os mais altos e
frondosos carvalhos.
Prática
Examinai se tendes que vencer em vós algum destes quatro obstáculos
à devoção ao Coração de Jesus.
Oração
jaculatória
Criai
em mim, Senhor, um coração digno de se unir ao Sagrado Coração de
Jesus!
3
vezes:
Divino
Coração de Jesus, tende piedade de nós.
Coração Imaculado de Maria, rogai por nós. |