Na
diocese de Bourges, há dois bispos considerados santos, com o mesmo
nome: Sulpício Severo e Sulpício, o
piedoso,
em ordem cronológica. Sulpício Severo pertencia à nobreza da
Aquitânia e ocupava uma alta posição na corte do rei Gontrano,
quando morreu Remígio, bispo de Bourges. Naquele momento a cidade
estava numa situação calamitosa por causa de um incêndio que a tinha
devastado. Gontrano impôs aos habitantes a escolha ou eleição de
Sulpício Severo para bispo, pois confiava nele e nas suas qualidades
de administrador para o restabelecimento da ordem. Foi logo ordenado
padre e abandonou os seus altos encargos civis. É provável que não
fosse casado, ao contrário de muitos de seus contemporâneos, que
tinham de deixar a família quando sagrados bispos. Feito bispo,
dedicou-se totalmente à Igreja, e seu episcopado teve início por
volta de 584, durando até a data de sua morte, em 591.
Os
bispos galos romanos eram a única força que podia se opor aos reis e
eram prestigiados por todos. Por isso, a actividade de Sulpício
Severo foi muitas vezes política também, porque só assim se explica
o título que lhe é atribuído de "defensor da cidade". Era muito
firme, prudente e vigoroso também nos negócios temporais. Várias
vezes teve de resistir aos reis, principalmente por questões de
elevações de impostos, e parece que sempre foi atendido por eles que
voltaram atrás nas suas intenções. Certamente o seu prestígio
pessoal era muito grande.
Historicamente está comprovada a sua presença, pela sua assinatura,
em vários sínodos realizados na região. Era também bom orador e
tinha veia poética, mas não temos registros de suas obras.
Não
deve ser confundido com um escritor homónimo, que não é santo. Seu
maior apologista foi S. Gregório de Tours, seu contemporâneo no
episcopado e interlocutor epistolar. |