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CARTAS DE AMOR E DE DOR

CARTA II

« Balasar, 1° de Setembro de 1933

De consciência

Senhor Padre Pinho :

Hoje mesmo, que tive a dita de receber o meu querido Jesus pela primeira vez desde que daqui saiu, não pude passar sem lhe contar o que tanta tristeza causou à minha pobre alma, pois já eram passados 13 dias sem receber o perdão dos meus pecados, apareceu aqui [o Sr Abade] com Nosso Senhor sem dizer nada. Foi tudo à pressa. Não me falou em confessar-me ; eu também não lhe disse nada. Por essa razão é que escrevo a Vossa Reverência para aliviar a minha alma dizendo-lhe as minhas faltas.

Principio por dizer-lhe : “as minhas orações são poucas e mal ; não posso melhor. O meu pensa-mento anda por toda a parte. Se eu o pudesse pren-der, seria melhor para mim. E com minha mãe e mana sempre há algumas faltas de impaciência. Tenho feito tanto quanta tenho podido para me não impacientar e para ver se modifico este meu mau costume, mas o demónio consome-se comigo para ver se arranja alguma coisa com ele. Com o próxi-mo há também alguma coisa : faço todo o possível para não falar, mas sou muito fraca, sempre caio algumas vezes. Enfim, sou muito pecadora, não me emendo dos meus pecados. Nosso Senhor se compa-deça de mim”.

Senhor Padre Pinho, parece que já sinto a minha alma mais aliviada ao pensar que falo com quem tenho toda a confiança. Como Nosso Senhor é bom, que me concedeu a graça que eu Lhe não merecia. Tive a dita de o conhecer pessoalmente e de se in-teressar a valer da minha pobre alma. Peço que continue a pedir por mim, que de tudo preciso, e tu-do é pouco. Eu, da minha parte, enquanto viver, fa-rei o que poder por Vossa Reverência, que ainda hoje, quando comunguei, pedi muito ao meu bom Jesus para que fossem muitos dos meus sofrimentos para a saúde de Vossa Reverência e para o fim que tanto os quer, que é para salvar almas. Mas quando for para o Céu, farei tudo para que vá para junto de mim. Peço, por amor de Jesus e de Maria, que me abençoe com uma bênção que me santifique.

Alexandrina Maria da Costa

Sr. Padre Pinho vem cá no dia 16 ? Ou já se arrependeu ? Conto que não me faltará : nessa ocasião o Sr Abade está nos banhos, até calha bem ».

Esta segunda carta da Alexandrina ao Padre Mariano Pinho, começa com uma indicação que parecerá estranha : “De consciência”. Mas, não é estranho, como a seguir veremos.

“Hoje mesmo, que tive a dita de receber o meu querido Jesus pela primeira vez desde que daqui saiu”.

Sabe-se por esta indicação que a Alexandrina recebeu a Sagrada Comunhão no dia 1 de Setembro de 1933. Isso, como se pode imaginar foi para ela uma grande consolação, uma “dita”, como ela mesma o diz. Também se pode igualmente deduzir que a não tinha recebido desde a primeira vista do Padre Mariano Pinho a sua casa.

Mas esta “dita” não foi total, como ela explica a seguir, e por isso mesmo resolveu escrever, porque : « não pude passar sem lhe contar o que tanta tristeza causou à minha pobre alma, pois já eram passados 13 dias sem receber o perdão dos meus pecados, apareceu aqui [o Sr Abade] com Nosso Senhor sem dizer nada ».

“Eram passados 13 dias sem receber o perdão dos meus pecados” ; o que significa igualmente que a quando da visita do seu recém “escolhido” Director espiritual, Alexandrina se terá confessado a ele.

Nós vimos na anterior carta que a Alexandrina, ao terminar esta, pedia ao Padre para lhe perdoar os pecados, o que demonstra a sensibilidade da sua alma, portanto cândida e isente de faltas graves.

O facto que “tanta tristeza causou à minha pobre alma”, foi justamente de ter de receber a Sagrada Comunhão sem se ter confessado ; ela o explica a seguir :

“Foi tudo à pressa. Não me falou em confessar-me ; eu também não lhe disse nada”.

Efectivamente, o senhor Abade de Balasar apareceu-lhe lá em casa de surpresa, sem a prevenir, trazendo-lho a Sagrada Comunhão, o que é, diga-se com justiça, um acto de caridade. Mas, para a “Doentinha de Balasar”, teria sido preferível que ele a prevenisse, de maneira que ela se pudesse preparar e até mesmo pedir-lhe que ouvisse a confissão dos seus “pecados”. Eis a razão porque a seguir diz ao seu Paizinho espiritual que lhe escrever sobretudo “para aliviar a minha alma dizendo-lhe as minhas faltas”.

Mas, quais são os pecados que causam tanta preocupação à Alexandrina ?

Terá ela cometido faltas graves, dignas de tanta ânsia, da tanta necessidade de uma confissão urgente ?

“Principio por dizer-lhe ― escreve ela ― : “as minhas orações são poucas e mal ; não posso melhor”.

Quando a Alexandrina diz que as suas “orações são poucas”, poderíamos sorrir, visto que a maior parte do seu tempo, mesmo já nesse período dos seus vinte e nove anos, era passado a orar e a meditar. Mas os santos são exigentes com eles mesmos : nunca rezam que chegue, nunca são de mais as suas preces, portanto fervorosas e capazes de “tocar” o Coração de Deus.

Depois, diz ela ainda que as poucas orações que faz, não somente são poucos mais, ainda para cúmulo, “mal” feitas.

Só Deus conhece os corações e os sentimentos que os habitam quando estão em oração. Mas, conhecendo a Alexandrina, sabendo quanto empenho ela metia em tudo o que fazia, é-nos difícil pensar que as suas orações fossem “mal feitas”. Mas a sua boa vontade é aqui posta em evidência, porque ela confessa humildemente : « não posso melhor ».

Ela gostaria que durante os largos momentos em que estivesse orando, o seu pensamento estivesse sempre concentrado em Deus, mas isso é praticamente impossível a um ser humano, porque, como ela o diz muito bem, « o meu pensamento anda por toda a parte. Se eu o pudesse prender, seria melhor para mim ». Mas isso não é nunca possível...

Depois ela continua a confessar as suas faltas, os seus “grandes” pecados :

“E com minha mãe e mana sempre há algumas faltas de impaciência. Tenho feito tanto quanta tenho podido para me não impacientar e para ver se modifico este meu mau costume, mas o demónio consome-se comigo para ver se arranja alguma coisa com ele”.

A Alexandrina foi sempre viva e irrequieta, na sua meninice, por isso mesmo a chamavam na aldeia “Maria-rapaz”. Que algumas vezes fosse talvez mais brusca para com sua mãe ou sua irmã, pode compreender-se, sobretudo tendo em conta a sua doença que, na maior parte do tempo lhe causava grandes sofrimentos.

Mas ela quer sinceramente emendar-se destes defeitos que ela considera prejudiciais para a sua vida espiritual, ela quer “ver se modifico este meu mau costume”, mas o “cocho” não está nisso : tenta-a e faz-lhe sugestões, “consome-se comigo para ver se arranja alguma coisa com ele”.

Por enquanto, estas tentações diabólicas não são intensas nem contínuas, como acontecerá mais tarde, mas desde já ela está consciente desta presença a seu lado do “macaco de Deus”, como dizem os franceses.

Mas, não são só as faltas de paciência para com sua mãe e irmã que a preocupam ; a sua maneira de ser para com as outras pessoas, o próximo, são também motivo de preocupação e de emenda :

“Com o próximo há também alguma coisa : faço todo o possível para não falar, mas sou muito fraca, sempre caio algumas vezes”.

Todavia este defeito para com o próximo, parece não ser tão grave como o facto de se impacientar com a “mãe e a mana”, visto que, com um certo optimismo ela diz que “sempre caio algumas vezes”, o que leva a crer que na maior parte das vezes ela sabe dominar-se e por travão aos seus ímpetos ainda mal domesticados.

E, para terminar esta “confissão” particular, ela acusa-se daquela que é, segundo ela, a maior evidência da sua vida :

“Enfim, sou muito pecadora, não me emendo dos meus pecados. Nosso Senhor se compadeça de mim”.

Esta maneira humilde e franca de se considerar a maior pecadora, o ser mais vil, é uma constante na vida dos grandes santos.

Santa Teresa de Ávila ― a grande mística e Doutora da Igreja ― assim se considerava. A mesma coisa diziam Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Gemma Galgani, Santa Catarina de Sena, Santa Catarina de Génova, Santa Maria Madalena de Pazzi, e tantas outras Santas de Igreja.

Quanto aos Santos, podemos citar também S. João da Cruz, S. Padre Pio de Pietrelcina, Santo Inácio de Loyola, o Beato Frei Bartolomeu dos Mártires e tantos outros que a Igreja universal colocou nos altares para nos servirem de exemplos.

Partilhar com alguém as penas que nos vão na alma é, quase sempre, uma maneira de atenuar estas e, a Alexandrina, depois de ter confessado as suas faltas, sente-se melhor, parece ficar aliviada do “peso” que parecia esmagá-la :

“Senhor Padre Pinho, parece que já sinto a minha alma mais aliviada ao pensar que falo com quem tenho toda a confiança”.

Na verdade, quando se abre o coração a alguém é porque entre esses dois seres existe uma confiança mútua e uma “mudez” recíproca. E, o bom sacerdote merece a máxima confiança, o que leva a Alexandrina a formular uma rápida e sincera oração de agradecimento :

“Como Nosso Senhor é bom, que me concedeu a graça que eu Lhe não merecia. Tive a dita de o conhecer pessoalmente e de se interessar a valer da minha pobre alma”.

Alexandrina sabe que as orações de um sacerdote têm grade influência sobre os divinos desígnios, visto que os sacerdotes são e serão sempre, os filhos predilectos de Jesus e de Maria.

“Peço que continue a pedir por mim, que de tudo preciso, e tudo é pouco. Eu, da minha parte, enquanto viver, farei o que poder por Vossa Reverência, que ainda hoje, quando comunguei, pedi muito ao meu bom Jesus para que fossem muitos dos meus sofrimentos para a saúde de Vossa Reverência e para o fim que tanto os quer, que é para salvar almas” .

Mas ela não se limita a pedir a ajuda do Padre Pinho ; ela promete também lembrar-se dele nas suas orações e, para prova, ela diz-lhe que “ainda hoje, quando comunguei, pedi muito ao meu bom Jesus para que fossem muitos dos meus sofrimentos para a saúde de Vossa Reverência”.

Alexandrina não quer limitar estas orações em favor do seu Director espiritual somente enquanto viver, o que seria já um acto de amor considerável, não, ela quer que a sua prece seja contínua e eterna, por isso acrescenta :

“Mas quando for para o Céu, farei tudo para que vá para junto de mim”.

Santa e bela comunhão dos Santos!...

E quase para terminar, como sempre o fará, ela pede uma benção especial :

“Peço, por amor de Jesus e de Maria, que me abençoe com uma bênção que me santifique”.

E depois de já ter assinado o seu nome, uma preocupação lhe vem à mente, preocupação que ela já tinha largamente expressado na carta anterior : a vinda a Balasar do seu Paizinho espiritual.

“Sr. Padre Pinho vem cá no dia 16 ? Ou já se arrependeu ? Conto que não me faltará : nessa ocasião o Sr Abade está nos banhos, até calha bem”.

Aqui não argumenta mais se virá de carro ou de mota, mas indica somente que “o Senhor Abade está nos banhos, e que até calha bem”. Talvez porque assim o bom Padre Pinho não necessitava de o visitar e poderia passar mais tempo junto dela.

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