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CARTAS DE AMOR E DE DOR

CARTA IX

“Jesus que É tão meu amiguinho”

– Escrita entre 13 e 20-12-1933 –

« Viva Jesus !

Recebi a cartinha de Vossa Reverência no dia 13 e, como sabe, estimei-a muito, muito. Não tem nada que me pedir desculpa. É certo que me custou tanto, tanto a passar este tempo, que nem lhe posso explicar ; mas, apesar de tudo isto, sei que sou indigna de receber tamanha graça de Nosso Senhor, por ter quem tanto cuidado tomasse pela minha pobre alma. Mas, graças ao meu querido Jesus que tão meu amiguinho é, pois não é nada todos os meus sofrimentos e desgostos com ser muitos, à vista de tantos benefícios que d’Ele tenho recebido, não se esqueceu que tinha aqui uma filhinha que na terra também precisava de um bom pai espiritual e mo concedeu. Como agradecer a Nosso Senhor uma tão grande graça ? Não sei, apenas reconheço que sou indigna de tudo isto.

S.P.P [1]. sabe que já faz um mês no dia 20 que Vossa Reverência cá veio ? E agora quando volta ? Eu ainda não me tornei a confessar e estou com muito fastio. Mas, se para as festas do Natal o Sr. Abade me vier trazer Nosso Senhor, eu confessar-me-ei. Mas peço a grande caridade de me mandar daí uma bênção muito especial para todos os meus pecados que, com pequena diferença, são os mesmos. Emendar-me de uma vez para sempre não lhe vejo jeito, mas quero ser santa e todos os dias o peço a Nosso Senhor ; algumas vezes vem-me a lembrança que nunca chego a ser, só se for que Nosso Senhor atenda aos pedidos de Vossa Reverência.

S.P.P. aí lhe envio uma pequenina lembrança, da qual peço desculpa por ser muito pouco, mas, se eu continuar a viver, para outra vez será mais e, se for para o Céu antes, esse pouco será o bastante para que ao recordar-se de quem lha deu, se lembre de rezar pela minha alma, que eu também nunca o esquecerei perto de Nosso Senhor.

Termino que já estou há seis dias a escrever ; peço que me abençoe, esta que lhe deseja umas felizes e santas festas de Natal.

Alexandrina Maria da Costa »

“Já estou há seis dias a escrever”, diz Alexandrina ao terminar esta carta começada no dia 13 de Dezembro, o que demonstra as dificuldades que sentia para levar a cabo esse trabalho, quando o fazia ela mesma, sem a ajuda da sua “secretária” habitual : a irmã, Deolinda.

Começou a responder no mesmo dia em que recebeu a carta do seu Pai espiritual, mas os sofrimentos contínuos não lhe permitiram continuar e, aos poucos, conforme foi podendo, foi escrevendo e, este trabalho durou até ao dia 20 do mesmo mês.

Porque demorou algum tempo a responder à sua dirigida, o Padre Mariano Pinho pede desculpa por essa demora, o que motivou, da parte da Alexandrina, aquela segunda frase onde ela diz : « Não tem nada que me pedir desculpa ».

“É certo que me custou tanto, tanto a passar este tempo, que nem lhe posso explicar”, confessa ela honestamente, mas ela sabe que o seu Pai espiritual é muito solicitado, que tem muitas e variadas ocupações, mas ela está sobretudo consciente que “apesar de tudo isto, sei que sou indigna de receber tamanha graça de Nosso Senhor, por ter quem tanto cuidado tomasse pela minha pobre alma”.

Reflectida, Alexandrina reconhece o quanto tem já recebido do Senhor, o que a leva a escrever uma pequena prece como um acto de fé na Providência divina e do conhecimento que ela tem do seu nada :

“Mas, graças ao meu querido Jesus que tão meu amiguinho é, pois não é nada todos os meus sofrimentos e desgostos com ser muitos, à vista de tantos benefícios que d’Ele tenho recebido, não se esqueceu que tinha aqui uma filhinha que na terra também precisava de um bom pai espiritual e mo concedeu”.

É de notar que é a primeira vez que ela emprega o termo de “Pai espiritual”, falando do seu Director.

Reconhecida pelas dádivas recebidas, ela quer agradecer, mas como ?...

“Como agradecer a Nosso Senhor uma tão grande graça ? Não sei, apenas reconheço que sou indigna de tudo isto”.

Fá-lo muito bem, fazendo um acto de humildade onde o amor e a sinceridade abundam, considerando-se “indigna de tudo isto”.

Paralisada e acamada, a Alexandrina deve encontrar, certas vezes, que o tempo tem valor de eternidade, por isso algumas vezes sente a necessidade de contar, contar como se contam dias, meses e anos... Ela queixa-se junto do seu pai espiritual :

“Senhor Padre Pinho, sabe que já faz um mês no dia 20 que Vossa Reverência cá veio ? E agora quando volta ?”

Esta preocupação não é só “sentimental”, diríamos, mas sobretudo espiritual.

Efectivamente, desde a última visita do seu Director ― portanto um mês ― “eu ainda não me tornei a confessar e estou com muito fastio”, explica ela. E este “fastio” de que fala nada tem a ver com a alimentação do corpo, mas sim da alma : ele sente necessidade de confessar os seus pecados, “grandes pecados”, como ela algumas vezes diz.

Claro que se o Padre Pinho não vier antes, ela terá de confessar-se ao Senhor Abade, esperando que este, para as festas de Natal e de Ano novo lhe venha trazer Nosso Senhor. Todavia como esta possibilidade nada mais é do que um desejo e não uma certeza, ela prefere, pelo seguro, que desde já o seu Paizinho espiritual lhe envie “uma bênção muito especial para todos os seus pecados que, com pequena diferença, são os mesmos”.

Lamenta aquilo que é ― ou julga ser ―  e confessa que “emendar-se de uma vez para sempre não lhe vê jeito”, mas uma certeza tem ela : a vontade inquebrantável de “ser santa” e, é o que ela “pede todos os dias a Nosso Senhor”, mas confessa igualmente que se esse desejo lhe vem muitas vezes ao espírito, está consciente que “nunca chegará a ser santa”, a não ser que Nosso Senhor, na sua infinita bondade e misericórdia, ouça e aceite “os pedidos de Sua Reverência”.

“Senhor Padre Pinho, aí lhe envio uma pequenina lembrança”.

Não sabemos do que se trata, mas sabemos que “é muito pouco”, mas “se ela continuar a viver, para outra vez será mais” e, esse “muito pouco” pode ainda tornar-se “muito”, porque se entretanto ela “for para o Céu”, “esse pouco será o bastante para que ao recordar-se de quem lha deu, se lembre de rezar pela minha alma, que eu também nunca o esquecerei perto de Nosso Senhor”.

E, ao terminar a carta, ela confessa que “já está há seis dias a escrever”, porque a sua saúde não lhe permite de o fazer mais rapidamente.

Como sempre “peço que me abençoe, esta que lhe deseja umas felizes e santas festas de Natal.

                Alexandrina Maria da Costa”


[1] Ler : Senhor Padre Pinho.

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