JUNHO
16 de Junho de 1944
Foi no dia 16,
festa do Sagrado Coração de Jesus. Não posso esquecer : Jesus, repetidas vezes
tinha confirmado o que me tinha dito e prometido no princípio da minha
crucifixão, que era um prémio de eu me deixar crucificar, que estavam as portas
do Inferno fechadas desde o meio dia da sexta [feira] até à meia noite do
domingo, da meia noite de sol. Quando o meu Jesus deu por terminada a minha
crucifixão, ou antes, quando mudou a forma de me crucificar, eu continuei a
lembrar a Nosso Senhor em todas as sextas-feiras, à hora de costume, que
continuasse a ter fechadas as portas do Inferno porque me julgava com o mesmo
direito. Pois fostes Vós que me negastes a crucifixão, e não fui eu a negá-la,
disse eu. Veio Nosso Senhor, pegou em mim e colocando-me nos braços da Mãezinha,
disse-me :
— “Minha filha,
minha filha, vem descansar e tomar conforto nos braços de tua Mãezinha. És
acariciada e acalentada por Jesus e por Maria”.
Sentia então as
carícias de Um e de Outra.
— “És embalada
pelos Anjos. Vou dizer-te, minha filha, os dias que tens mais à tua conta para
estar o inferno fechado. Dou-te a quinta-feira de tarde em honra da minha
Eucaristia e pelo amor que tens a Ela e pelo que me levou a ficar preso aí,
passando assim à sexta-feira de manhã. Dou-te a quarta-feira de manhã em honra
do meu querido pai São José, a quem tu tanto amas. Ó minha filha, quanto eu
desejo vê-lo amado. Olha, minha filha, quero, exijo que digas que quem tiver a
ele devoção firme e constante, não me ofende gravemente a ponto de se perder”.
Pedi mais a Nosso
Senhor que me desse duas horas da segunda-feira e da terça-feira : não escolho
horas, Jesus, mas quero que sejam aquelas que mais almas tiverem que cair no
inferno.
— “Sim, meu encanto, dou-te tudo,
pelo amor com que te deixas crucificar” .
25 de Junho de 1944
Foi ao cair da
tarde, já o sol estava quase a estender-se na noite, mas para mim não tinha
havido sol nem dia : tudo era noite. O desânimo, o abatimento, a luta constante
que sentia na minha alma eram quase insuportáveis. Meu Deus, antes o inferno do
que perder-Vos. Que hei-de fazer a isto ? Jesus, Mãezinha, valei-me, não me
deixeis cair. Ó meu Deus, ó meu Deus, o Céu parece não existir. Continua a luta,
e o tormento das dúvidas e de nada vale o meu brado pelos santos. Confio, Jesus,
confio, Mãezinha, mas o tempo passa, para mim não há socorro, sinto abandono da
terra e do Céu. Jesus, Jesus, pobre de mim! Não quero enganar-me nem enganar
ninguém. Nova prova de amor de Jesus : veio Ele levantar-me do abismo das trevas
e da morte. Toma-me em seus divinos braços, inclina-me ao seu divino lado, dá-me
a beber o seu Sangue do seu divino Coração. Que maravilha! Que bondade infinita!
Sentia o Sangue do Coração de Jesus passar para mim com toda a abundância. E
Jesus, cheio de doçura, ia dizendo-me:
— “Coragem, minha
filha, toma conforto. O meu divino Sangue, a minha carne são o teu ,alimento e a
tua vida”.
Jesus encheu-me,
ressuscitou-me, raiou o dia, brilhou o sol e aqueceu-me com os seus raios. Já o
mundo nada podia contra mim. Oh! Como é bom Jesus, e que ingrata sou eu para com
Ele!
Este último trecho foi ditado pela Alexandrina ao Rev. Sr Padre Humberto
Pasquale, salesiano, por ela não ter tido forças para acabar. Esta
revelação deu-se às 11 horas da noite do dia 16 de Junho de 1944.
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