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SENTIMENTOS DA ALMA

1952

JULHO

4 de Julho – Sexta-feira

Parece-me que já basta de falar de mim, apesar de ter imensa necessidade de desabafar; faço para obedecer, mas representa para mim um enorme sacrifício. Queria esconder-me e fugir aos olhares de todos. Busco a glória do Senhor e o bem das almas; não é a minha glória nem os louvores das criaturas. É por isso que sinto a necessidade de refugiar-me e desaparecer para sempre. É um martírio, é uma humilhação quase constante, ao ver-me rodeada das pessoas. Enquanto elas falam, o coração sangra-se de dor, por reconhecer o que sou, e sentir que sou a alma mais pobrezinha, mais enferma, que Jesus tem na terra. Se todas as criaturas, que se abeiram de mim, me conhecessem, fugiam, nem de longe queriam ver. A minha inutilidade continua a ser um doloroso pavor para a alma. Sofro muito, mas tudo inútil. O meu amor inútil é. Não posso pensar, nem sei como vencer tal inutilidade! Inútil para a vida e para as coisas de Jesus, útil para o pecado e para todas as obras de Satanás; nas minhas tremendas lutas não tenho dó nenhum de Jesus. Falta-me a pena de O ofender, revolto-me contra Ele, contra o Céu, calco aos pés os Seus direitos, a Sua Lei, saio do pecado sempre insatisfeita, desejosa de mais e mais pecar, e sempre presente aos meus olhos e ao meu espírito, as pessoas, o lugar e a maldade do meu pecar. Sou insaciável nos meus prazeres. Parece que nem diminuem de noite; desvio os meus olhos dos instrumentos que me levam ao crime e à morte. E, depois de tudo isto, sofro por não sofrer, sinto dor por me ter faltado a dor na ocasião de pecar. E então é tão grande, tão grande, como o próprio Jesus. É uma dor infinita! Se eu não fosse ignorante, se eu fosse sábia, quantas coisas podia dizer ! Mas até para isto sou inútil, estou morta para todo o bem. Eu sou como um vidro de cristal, quebro por tudo e por nada. Sofro indizivelmente com as mais pequeninas coisas, que com certeza nunca levam o fim de me ofender. Mesmo nesta inutilidade, o coração sangra, a dor é pungente, e tudo me fere ; por todos os lados vêm os espinhos a trespassar todo o meu ser. Chego a pensar que é mimo, e o meu amor-próprio a causa de tudo isto. Ó meu Deus, ó Jesus, ó Mãezinha, compadecei-Vos de mim. Por vezes, o meu coração abre-se como que um vulcão de fogo. Quer queimar a humanidade inteira e absorvê-la toda em si. Mas aqui entra a inutilidade, e nada posso fazer. Não quis saber do Horto, não quis vê-lo nem ouvir o que nele se passava. Com esta cruel ingratidão senti que alguém dele me fitava, e esse Alguém era Jesus. Se eu soubesse dizer a ternura dos Seus olhares ! Que convite tão meigo, que chamamento tão profundo ! Passei o tempo a sentir a Sua dor pelo meu proceder. Hoje, na viagem para o Calvário, não fiz outra coisa senão fugir d’Ele. Tinha em mim como que dois caminhos: um pelo qual fugia e outro que seguia para o Calvário, pelo qual caminhava Jesus escorrendo sangue e conduzindo o pesado madeiro. Ele fitava-me e convidava-me com o Seu silêncio a segui-Lo. A dor infinita continuou a pungir e a aniquilar-me o coração. Desfazia-me em dor, mas sem ser minha esta dor; minha era só a inutilidade. O sangue e o suor banhavam o corpo sacrossanto de Jesus. Ele ia mesmo desfalecido ao terminar a montanha. No alto do Calvário, Jesus estava pregado na cruz. Eu não quis unir-me a Ele; longe, muito longe, não O queria fitar. O Coração Divino de Jesus era para mim um chamamento e um brado contínuo. Fechei os olhos, cerrei os ouvidos, para não O ver nem O ouvir. Jesus expirou, e eu na minha inutilidade não quis aproveitar-me d’Ele, não expirei com Ele. Houve por algum tempo o silêncio da morte. Após esse silêncio, veio Jesus a mim ressuscitado, entrou no meu coração, fez-me viver a Sua vida e falou-me assim :

— “Abri o tabernáculo da minha habitação. Abri as portas e sentei-me nele, delicioso, um incêndio de amor, rodeado de inúmeras virtudes. Está certo, minha esposa, convence-te, filha querida, só assim posso esquecer por algum tempo tantos crimes que com tão grande gravidade sou ofendido. Este coração tem a pureza dos anjos, os ardores dos querubins. Estou bem, estou bem, minha filha, não posso ausentar-me de ti. Fugi do mundo, fugi dos pecadores, para em ti viver, descansar. Aqui fico, com que esquecido de tantos, tantos crimes, de tantas, tantas maldades que em si encerram toda a maldade, toda a malícia humana”.

— Ó Jesus, ó Jesus, deliciai-Vos, deliciai-Vos, não com o que é meu, mas com o que é Vosso. Eu quisera, sim, Jesus, quisera poder fazer-Vos esquecer de todos os crimes praticados. Primeiro por Vosso amor, porque Vos amo, e amando-Vos não Vos posso ver ofendido; depois, Jesus, depois, para Vos salvar as almas, as almas caríssimas, as almas que custaram o preço infinito do Vosso Divino Sangue. Quero e não posso, Jesus. Ah! Se fosse possível, eu a nada me poupava. Mas, ai de mim, pobre de mim, na minha inutilidade.

— “Sofre assim, filha minha, florinha eucarística, sofre assim, porque és vítima. A tua inutilidade é para que o meu sangue divino, toda a minha Paixão e morte seja útil a essas almas. Tu salvas, salvas almas, almas sem conta. São milhões, milhões, milhões por esse mundo além, a quem o teu sofrimento abre as portas do Céu. Há tantas que não querem salvar-se ! Há tantas que desperdiçam os meus dons, as minhas graças ! Sofre, sofre, minha filha. O mundo exige o teu sofrimento. Só as vítimas o podem salvar. Só as vítimas podem aplacar a justiça de meu Pai. Tenho tão poucas ! O número das que se deixam imolar com amor e heroísmo é tão pequenino! Dá-Me, dá-Me, minha filha, o teu coração. Renova a tua oferta. Dá-Mo com todos os corações dos homens. Tenho fome, tenho sede; fome e sede devoradoras, fome e sede infinitas. Sacia-Me, sacia-Me, consola-Me”.

— Ó Jesus, ó meu querido Amor, já sabeis que todo o meu coração Vos pertence e não e grande coisa, Jesus. É o mais pequenino e pobrezinho que tendes na terra. Não só Vos renovo a oferta dele, mas a oferta de todo o meu ser. É Vosso o coração e a alma; é Vosso o meu corpo inteiramente. Fazei dele um farrapo humano, fazei dele o que Vos aprouver. Junto à minha pobreza miserável, ofereço-Vos todos os corações dos que mais amo, todos os corações dos que me pertencem, todos os corações dos filhos Vossos. Eu quero, Jesus, quero fechá-los para sempre dentro do Vosso Amantíssimo Coração, justos e pecadores. Uns para mais se afervorarem, mais Vos amarem e santificarem. Outros para se converterem e se salvarem. Tomai conta, Jesus, tudo é Vosso, eu sou a Vossa vítima.

— “Vem, minha filha, minha querida filha, receber a gota do meu divino sangue. Estão unidos, estão unidos, não só para passar a gota do sangue que te leva a vida, mas sim para mais te enriquecer, para mais te fortalecer, para mais e mais a Mim poderes dar”.

— Ó Jesus, é bem doce a Vossa paz. É bem forte o Vosso amor. Sede sempre comigo e salvai todos os filhos Vossos.

— “Vai em paz, minha filha, vai em paz. Fica na cruz, na cruz da vitória, na cruz de triunfo e de salvação. Diz ao mundo, pede às almas, diz-lhes quanto as amo. Pede-lhes que se convertam. Que não pequem, que não pequem, que não pequem e todas venham habitar para sempre no meu Divino Coração. Coragem, coragem, vai em paz e dá a minha paz”.

— Obrigada, obrigada, meu Jesus.

5 de Julho – Primeiro Sábado

De ontem para hoje, o meu coração ficou numa tristeza e dor infinitas! Era um abismo de dor sem fim. Nesta manhã, quando me preparava para a vinda de Jesus, o meu coração fez-se como que um leão faminto. Estava aberto pelos punhais, mas mais se abriu com a fome insaciável. Tinha fome de Jesus. Só Ele podia satisfazê-lo. Esperei a Sua vinda na maior ansiedade. Ele veio. Não recusou a entrada. Deu-se todo a mim, sem desprezar a minha grande miséria. Encheu-me, matou-me a fome e falou-me assim :

— “Minha filha, minha filha, braseiro de amor, coração em chamas vivas. Eu estou aqui para mais te abrasar, para mais te incendiar, para mais te consumir. Venho saciar a tua sede e fome de amor, como tu sacias a minha. Tu amas-Me, minha filha, amas-Me no gelo, amas-Me nas trevas e na morte, amas-Me, amas-Me mesmo na eternidade. Tu és, à minha semelhança, a vida das almas, como Eu o sou na Eucaristia. Eu dou-Me a elas com o Meu corpo e sangue. Tu dás-te por elas na dor, no martírio. Sofre, sofre, minha filha, a dor é amor. A dor é só isso. Repara, repara o Coração Divino do teu Jesus, o Coração Imaculado da tua Mãezinha. Repara, repara a justiça de Meu Eterno Pai. Sê sempre a escora forte e inabalável. Eu estou triste, muito triste, minha filha. Tenho o Meu Divino Coração a sangrar !”

— Ai, meu Jesus, ai, meu Jesus, tantos punhais! Como cabem todos numa só chaga! Já sei, Jesus, bendito sejais, fizeste-me compreender. O coração em si é pequenino para tantos punhais, mas é grande, porque é Vosso, é infinito. Não adianta nada, meu Jesus, nada adianta o meu sofrer. O sangue corre tanto, tanto do Vosso Coração Divino ! Como é que Vos deixais ferir assim ?

— “Se tu visses, se tu pudesses ver a crueldade com que Me foram cravados estes punhais! Se tu soubesses, se tu pudesse ver as almas negras e apodrecidas que se abeiram de Mim ! Receberam-Me nos seus corações em inferno, fizeram-Me baixar do Céu à terra. Ó minha filha, minha filha, quanto eu sofro ! Sofre tu agora, sofre tu sempre, arranca-Me estes punhais, cicatriza-Me estas chagas”.

— Arranco, arranco, meu Jesus, e cravo-os no meu coração. Deixai-os estar sempre aqui e não sofrereis mais, meu doce Amor. Ofereço-Vos o Vosso próprio e o da querida Mãezinha, para ser o bálsamo dessas feridas.

— “Estou curado, estou curado, minha pomba bela, louquinha de Jesus, louquinha das almas, flor tenra e mimosa, flor delicada e perfumada da Eucaristia. Minha filha, diz ao teu Paizinho que o Meu Divino Coração é fonte cristalina, é fonte insaciável de bênçãos, graças e amor para ele. Diz-lhe, diz-lhe que é todo meu o seu coração, e que é todo dele o Meu. Diz-lhe que sou fiel à minhas divinas promessas, não falto, não falto. Hão-de cumprir-se as ordens do Senhor, mas só à custa de muita, muita dor. Tudo é preciso para a missão nobre, para a missão bela, bela que lhe escolheu Jesus. Dá-lhe amor, amor em Meu nome, como o maior mimo, o mimo mais precioso do Céu. Diz, diz ao teu médico que espremo o seu coração como uma uva na prensa do lagar. Quero para Mim todo o suco. Escolhi-o para grandes coisas. Quero torná-lo, pelo sofrimento, digno de tão alta dignidade. Eu amo-o, Eu amo-o com o seu jardim florido. Diz-lhe que todas as suas flores hão-de ser colhidas para Mim, para a minha bendita Mãe. Infunde-lhe coragem e confiança. Dá-lhe todas as bênçãos, graças e amor de Jesus.

Vem, minha bendita Mãe. Acaricia, fortalece a nossa filhinha.”

— “Minha filha, minha querida filha, aqui no Meu regaço, estreitada por Mim ao Meu Santíssimo Coração, envolvida no Meu manto, escuta as minhas palavras : Meu manto de Rainha transformou-se em manto triste de dor. Olha para o centro do Meu peito. Vês como está o Meu Santíssimo Coração, tão cercado de espinhos ! Todo ele é dor, todo ele é dor, todo ele está em ferida”

— Ai, Mãezinha, tantas gotas de sangue por cada ferida desses espinhos! Passai-os para mim, ou deixai, deixai que eu os tire.

— “Aqui O tens, filha querida, vítima amada de Jesus. Aqui O tens às tuas ordens. Foi ferido com O de Jesus. As almas, que O feriaram a Ele, feriram-Me a Mim”.

— Ai, Mãezinha ! Já estão todos, todos no meu coração. Enleei-os à volta dos punhais. E agora faço-Vos como a Jesus, dou-Vos o Vosso amor e o d’Ele para curar o Vosso Santíssimo Coração. Abraçada a Vós, repito-Vos muitas vezes: amo-Vos, amo-Vos, Mãezinha. Amo-Vos e amo Jesus por todos os que Vos não amam. Ao menos, ao menos com os meus desejos, já que mais não posso. Sede, sede a minha força.

— “Ó minha filha, ó esposa predilecta de Jesus, também Eu te amo, amo, amo. Amo-te com todo o amor do Meu Santíssimo Coração. Amo-te e afirmo-te que Jesus te ama com toda a loucura de amor. És a vítima mais querida dos nossos Divinos Corações. És a esposa mais amada de Jesus. És a filha mais predilecta do Eterno Pai. Recebe, esposa minha, todo o amor do teu Jesus, todas as carícias da tua Mãezinha. Enche-te, fortalece-te com toda a fortaleza celeste. Dá a todos os que amas o amor do nosso Divino Coração; dá-lhes todos os carinhos, a nossa paz, força e protecção. Vai, vai fazer cair pelo mundo esta chuva de graças, todo este incêndio de amor e pede, pede aos corações do poder remédio para as praias, remédio para os cinemas e casinos, remédio para as desonestidades, remédio para a devassidão. Haja ordem, haja ordem, haja justiça. Pede-lhes, pede-lhes que não ofendam o Senhor. Pede-lhes, pede-lhes que se reconciliem com Ele, que não pequem mais. O Eterno Pai está irado contra a terra. Haja emenda de vida para haver perdão. Coragem, coragem; Jesus e Maria estão contigo, sempre contigo. Vai em paz”.

— Deixai, Jesus, deixai, Mãezinha, que Vos abrace, que Vos estreite na despedida; estreito-Vos ao meu pobre coração. Obrigada, Jesus; obrigada, Mãezinha.

11 de Julho – Sexta-feira

Passo a minha vida, gasto o meu tempo na inutilidade. Quantos espinhos, quantas feridas me nascem daqui! Quanta amargura, profunda e dolorosa amargura, sai desta inutilidade! Tenho sede de me dar, de me consumir no amor de Jesus, de me entregar toda ao Seu serviço; não descansar nem um só momento, sem fazer bem às almas. Tenho fome, fome devoradora, fome infinita de as fechar todas no meu coração, para assim as fechar e introduzir para sempre no Coração Divino de Jesus. Mas, ó meu Jesus, sinto que é em vão todo este sentimento. A minha inutilidade não me deixa nem um momento ser útil para a vida do Senhor, para o bem das almas. Está num mar de sangue o meu coração. Está todo chagado e ferido. Não se lhe pode tocar. A sua dor atinge o Coração Divino do Senhor. A minha pobre natureza não tem coragem nem forças para mais. A vontade quer subir, subir sempre; não quer parar de se dar, de se entregar totalmente à Divina Providência. Mas a inutilidade impede tudo isto. Nada valho, nada sou, a não ser miséria e podridão nojentas. Jesus, Mãezinha, sede a minha força. A Vós me abandono tal qual sou. Toda a minha confiança está em Vós. É neste abandono que está toda a minha entrega e aceitação. Caí no inferno. Foi tremenda a luta. A alma gritou num brado, como se ouvisse a humanidade inteira. Foi um pavor infernal. Estava perdida, sem remédio. Depois de me entregar a todos os vícios, aos crimes mais hediondos, precipitei-me naquele abismo. Senti em mim todo o desespero das almas e maldades dos demónios. Que horror, que horror ! Ninguém me salvou de lá. Precipitei-me só por culpa minha. Premeditei tudo bem, fiz várias tentativas para me entregar ao vício, sem nada conseguir. Sempre levada e faminta das maldades, consegui os meus maus intentos, maldições, tudo ; escarrei no Senhor e calquei aos pés toas as minhas vestes e toda a Sua Lei. Era digna do inferno. Só nele podia receber a punição de toda a minha vida criminosa. Nada disse e nada mais sei dizer. Impede-o a minha ignorância. Terminada a luta, o pavor da alma continuou, até os próprios lábios não queriam calar-se; soltei gemidos. Jesus sou a Vossa vítima. Ai ! Não posso pensar na dor que causei ao meu Jesus, quanto O fiz sofrer. Ai ! Ai ! O que é uma ofensa feita ao meu Senhor ! E o que é o mundo, o mundo do pecado contínuo. Se eu pudesse, à custa de todo o meu sangue, pagá-los todos para alegrar a Jesus e dar-Lhe as almas! Foi triste, dolorosíssimo, o meu Horto de ontem. Sempre na inutilidade e sempre apavorada com o meu viver, com a aproximação do dia de sexta-feira. Queria poder sair de tudo isto, mas não posso. Respirava mais fundo; na minha inutilidade, mais me unia ao Senhor. Era já de noite e o Céu pousou sobre mim. Estava cheio de nuvens negras e era mais duro do que o rochedo. Estava fechado para mim. Não podia lá entrar, só por ele tinha que ser esmagada. Principiei a ser amor, só amor, todo o meu ser era amor, mas este ser, que encerrava amor infinito, não era meu. Entreguei-me ao Céu, para a vida da terra. Hoje tive a Santa Missa no meu quarto. Não soube assistir a ela. Como de costume, pedi à Mãezinha que suprisse a minha falta. A alma seguiu a viagem para o Calvário. Eu inútil e ela sofredora. Eu surda e cega para toda a vida de Jesus, mas ela sentia todas as torturas e sofrimentos do meu Senhor. A noite, a dor, a amargura transformaram-se em pavor com a aproximação da montanha. Eu inútil à volta do mundo, mergulhada na lama, e o coração numa dor infinita sangrava e não cessava o seu brado. Era o brado de Jesus, era Ele quem chamava, era Ele quem por mim sofria. Do alto da cruz Ele continuava a sofrer. Foi tremenda a Sua agonia ! O Seu brado era contínuo. O Seu sangue divino regava o solo, enquanto que eu a fugir d’Ele, como se Ele por mim morrer não fora. De vez em quando o meu coração e a minha alma sentiam os meus tormentos. A agonia de Jesus era a minha, mas logo na minha inutilidade me desviava, parecia que para fora do mundo. Jesus expirou e, logo após a Sua morte, passou pelo meu coração; foi Ele que serviu de escada às almas generosas que O desciam da cruz. Algum tempo depois, senti-O já vivo e triunfante dentro em mim e ouvi a Sua voz :

— “Jesus vai falar, Jesus pede como mendigo no Seu tabernáculo de amor. Jesus quer salvar os homens, todo foi por eles. Jesus quer salvar os homens e emprega todos os meios para essa obra redentora. Vim a este Calvário, por intermédio da minha vítima querida. É a continuação da obra do Calvário de há vinte séculos. Estou aqui, estou aqui para chamar, estou aqui para pedir. Vinde, filhos meus, vinde a Mim todos, vinde ao meu divino Coração buscar bálsamo para todas as vossas feridas. Eu quero curar-vos e esquecer-Me do muito que Me ofendestes. Escutai, escutai, fala-vos Jesus : criei o Céu para vosso gozo, o inferno para punição. Vinde a Mim, vinde a Mim, não pequeis mais. Não deixeis perder uma só gota do meu sangue divino. Escutai, escutai, preparai-vos para a batalha. Enchei-vos de Jesus para estardes fortes. O Eterno Pai, o Eterno Pai vai aplicar a Sua justiça sobre a terra com todo o Seu rigor. Pobre mundo que não atende à voz de Jesus e à voz da Sua Bendita Mãe. Pobre Portugal que não corresponde ao amor de Jesus”.

— Ó Jesus, ó Jesus, donde vem tanto sangue? Parece um regato a correr! Já vejo, já vejo, é do Vosso Divino Coração. A tanto sangue juntam-se as lágrimas que vejo claramente correr-Vos sobre as faces. Rolam uma após outra. Não choreis, não choreis, Jesus. Venho ao meu pobre coração buscar o meu frio amor. Que ele Vos leve bálsamo, Jesus, para fazer cicatrizar a chaga do Vosso Amantíssimo Coração. Que ele sirva de lenço, de um pobre lencinho, para Vos enxugar as lágrimas. Fazei que chore, Jesus, fazei que eu derrame todo o meu sangue. Basta que Vós o derrameis no Calvário. Agora quero ser sempre a Vossa vítima.

— “Coragem, então, minha filha querida. Coragem para todos os espinhos, coragem para todas as setas, que são as de minha Bendita Mãe. Coragem para todos os punhais. Coragem para toda a Paixão. A tua vida é a vida de Cristo. A tua missão nobilíssima é a missão escolhida por Jesus. Deixa, deixa, minha filha, o mundo humilhar-te, caluniar-te, perseguir-te. Assim foi a minha vida. Quero, quero em tudo assemelhar-te a Mim. Quero-te imolada por Meu amor e por amor às almas, assim como Eu fui imolado por teu amor e por amor de todas as almas. Vem receber a gota do Meu Divino Sangue. Jesus uniu o Seu Divino Coração ao coração da Sua vítima querida, ao coração da Sua florinha eucarística. Passou, passou, minha filha, a gotinha do sangue. Levou-te mais vida, mais paz, mais coragem e amor. É o teu alimento. Este alimento levou-te novas graças. Quero que as distribuas. Dá-as, dá-as com abundância. Não cesses de as semear. Fá-las cair sobre as almas, sobre todos os corações, como chuva e orvalho celestes. É sempre o amor de Jesus. É sempre Jesus a atrair, a chamar, a querer perdoar. Fica na cruz, minha filha. Coragem, coragem para tudo. Vai em paz”.

 Obrigada, meu Jesus, por tudo quanto me destes. Não me falteis com a Vossa graça e força. Meu Amor. Lembrai-Vos de todas minhas intenções. Obrigada, obrigada, Jesus. Meu Amor.

18 de Julho – Sexta-feira

Queria desaparecer da face da terra; é a necessidade que sente a minha alma. Não posso ser vista pelo Senhor, tal é a podridão que vejo, tal é o nojo que sinto de mim mesma. O meu coração, a minha alma, quase me fazem outra coisa, a não ser bradar ao Céu. Mas este não fala nem atende. Está fechado, não penetra lá dentro o meu brado. Pavoroso martírio! Retomo coragem, sem saber como, sem o sentimento de onde ela me venha. Em espírito, atiro-me para os braços da Mãezinha e de Jesus e imediatamente esforço-me por me agarrar, por me prender bem nos Seus divinos braços. A luta vem, a tempestade tenta arrancar-me, destruir toda a escora, todo o meu apoio. A minha inutilidade leva-me quase a perder toda a confiança. Se há algum bem, algum acto bom, não me pertence. O pecado, os crimes mais horrendos, são só meus, sou eu a sua autora. Sou útil só para tudo quanto há de mau e criminoso. Tenho medo, muito medo, de descrever os sentimentos da minha alma. Não serei eu a causa da perdição de muitas almas ? Não mancharei eu a castidade dos seus olhos e ouvidos ? Ó meu Deus, ó meu Deus, compadecei-Vos de mim. Com tudo isto, não posso deixar de querer amar, louca e apaixonadamente, a Jesus. Não posso estar por mais tempo na terra, queria voar para o Céu. Mergulhada no lodo e na lama, estou presa à terra, não posso desprender-me dela. Tive uma luta pavorosa ! A minha ignorância não permite eu dizer alguma coisa do que ela foi. Mas também me parece ser mais prudente não me esclarecer. Eu não queria, meu Deus, não queria ofender o meu Jesus, mas parece-me ofendê-Lo tanto que até não queria comungar ! Pude reconciliar-me e consegui ficar mais sossegada. Depois de terminar a grande luta, vi com os olhos da alma o meu Jesus em tamanho natural, muito triste, a fitar-me com ternura e a dizer-me :

— “Olha quem eu sou, vê para o que te escolhi, porque me feres assim ?”

E eu, por resposta, escarrei-Lhe no rosto. E Jesus caía por terra. Tomou a cruz, transformou-Se em Senhor dos Passos. Caminhava coroado de espinhos, e o sangue a correr-Lhe com toda a abundância. Persegui-O por muito tempo. Atirava-me a Ele com fera. Fi-Lo cair por terra e arrastei-O com as cordas. Compreendi bem a cena de ontem. Logo de manhãzinha, apavorou-me a aproximação do Horto e do Calvário. Era já de noite; senti que fortes cadeias me enleavam ao solo do Horto, e logo medonhas feras principiaram-me a calcar, a levar ao aniquilamento. Desceu a justiça do Senhor sobre mim. Não compreendi o significado de tais feras, mas hoje senti e compreendi claramente que era eu, que eram os pecados que me sobrecarregaram. Só acompanhei hoje a Jesus na viagem do Calvário, para O perseguir e maltratar. No cimo da montanha, Jesus ficou pregado na cruz, e eu na minha inutilidade fugi d’Ele, não O acompanhei na Sua agonia. Rejeitei-O, preferi sempre a Satanás, não quis expirar com o meu Senhor. Morri, sim, mas separada d’Ele. Pouco depois, veio o meu Jesus dar-me a vida e falou-me assim :

— “Quem tem fome e sede do amor de Jesus escuta a Sua voz. O Coração Divino de Jesus quer dar-Se, dar-Se inteiramente. O Coração Divino de Jesus vem pedir-vos, pedir-vos com o Seu amor infinito. Pede como um mendigo miserável. O miserável pede o pão para o corpo; Jesus pede-vos amor, Jesus pede-vos, pede-vos com instância ; não pequeis mais, não pequeis mais. Calcai aos pés as vaidades, os prazeres, tudo o que é pecaminoso. É Jesus quem fala, é Jesus quem pede com todo o amor, com toda a ternura do Seu Divino Coração. Arrepiai caminho, arrepiai caminho, segui o Senhor. Tenho sede e quero matar a sede. Dai-me amor, dai-me amor, aquele amor puro, aquele amor santo. Vim do Céu, vim do Céu, desci a este Calvário, entrei neste tabernáculo, é dele que eu manifesto o meu amor infinito. É daqui que eu mostro claramente a minha loucura de amor das almas. Reparai bem e vede se podeis queixar-vos do amor e misericórdia de Jesus. Estou no Calvário das minhas delícias, como outrora no Calvário das dores. Não posso morrer nem sofrer mais. Imolo, faço sofrer a minha vítima; por mim e pelas almas, ela há-de de dar a sua vida. Escolhi-a para mim, mas por amor dos pobres pecadores. É alta, alta, é sublime esta missão. Coragem, coragem, minha filha. O peso das tuas humilhações manifesta grandeza de amor. Tu amas, amas, amas o meu Divino Coração. Amas, amas e conduzes a mim as ovelhas extraviadas. São tantas, é tão grande, é imensamente grande o rebanho a fugir-me !”

— Ó Jesus, se eu pudesse, Jesus, correr o mundo, correr toda a humanidade! Queria deitar o laço a todas as almas, a todas as ovelhinhas fugidas. Queria conduzi-las todas ao Vosso Divino Coração. Eu queria, Jesus, à semelhança do pescador, deitar o anzol, mas mais, mais, ser mais feliz do que ele, queria apanhá-las todas, não queria deixar fugir nenhuma. Ai, Jesus, sois Vós, sois Vós, são elas, meu Amor, que me levam a deixar-me imolar, humilhar, a deixar-me sacrificar tanto ! É bem, doce Jesus, é bem doce ser humilhada por Vós. Não repareis nos meus desfalecimentos. Sou a Vossa filha mais pobrezinha. Só a vontade está pronta, só essa quer dar-se, dar-se, desaparecer. Desaparecer sob o peso da dor. Desaparecer, ser esmagada com todas as humilhações.

— “Nada mais quero, minha filha, nada mais exijo de ti. Estou à espera, estou à espera e já cansado de esperar. Já é tempo, já é tempo de o sol brilhar para sempre. Tem coragem. Os homens vão contra a vontade do Senhor, opõem-se a ela. Opõem-se à salvação das almas, das almas por quem dei o sangue. Estou desgostoso, estou triste. Eu dou o remédio, não permitem que ele seja aplicado. Minha filha, florinha eucarística, farol do mundo, dá-me a tua dor, deixa-me que te imole, que te sacrifique sempre, sempre, nesta cruz. Recebe a gota do meu Divino Sangue. Reparai bem no prodígio maravilhoso. Jesus alimenta a sua esposa e vítima. Dá-lhe o Seu sangue para que ela seja também a vossa vida. Minha filha, minha filha, é a tua vida o meu Divino Sangue. É o teu alimento a minha Eucaristia. Vive da graça, para que as almas vivam só a graça. Vive do amor, para ateares o amor. És depositária de todas as riquezas do meu Coração Amorosíssimo. Distribui-as. Enriquece todos os corações da humanidade. Vinde a mim, vinde a mim, ó filhos meus. Vai em paz, vai em paz, minha filha. Pede oração e penitência. Não cesses de as pedir. É esta a vontade Jesus. É mais um aviso do Seu Misericordiosíssimo Coração. Coragem, coragem”.

— Obrigada, Jesus, muito obrigada. Lembrai-Vos das minhas intenções, perdoai, perdoai ao mundo inteiro.

25 de Julho – Sexta-feira

Não sei como dizer alguma coisa daquele tudo que me vai na alma. É o meu segundo Calvário. Só me obriga a força da santa obediência. Tenho que fazer um grande esforço. Escasseiam-me as forças. As trevas não me deixam ver. A ignorância e a inutilidade põem termo a tudo, são o remate de todo o meu viver. É como que um desenlace. Terminei para tudo como se nunca principiasse. Ó meu Deus, ó meu Deus, se não fosse a minha confiança em Vós, se eu em Vós não esperasse, o que seria já de mim ? O meu coração é como um chafariz. Por maior que seja seca, não deixa de deitar água. Ele sangra, sangra, plantado na maior agonia da alma ; agonizam os dois. O brado é contínuo. O Céu não se abre. A minha voz não penetra no Coração do Senhor, perde-se na vasta podridão e imundice de toda a humanidade. Quando comungo, agarro-me a Jesus, mas só com os olhares e os braços da Fé. Creio, Jesus, creio que sou Vossa, creio que estais em mim. E eu confesso-me a mais pobre e miserável das Vossas filhas. Eu não sou digna de Vós, de Vos possuir, mas não quero desesperar, a Vós me entrego, só confiada no Vosso perdão e misericórdia. Quando os espinhos me penetram mais fundo, quando as contradições e as humilhações me esmagam, eu digo: bendito seja o Senhor, seja tudo por Vosso amor e para salvação das almas. Hei-de vingar-me, meu Jesus, pedindo-Vos na terra e no Céu por todos quantos me faziam sofrer. Ontem, no meio da minha agonia, pude da minha cama divisar um bocadinho do Céu. As nuvens negras e carregadas quase me encobriam. Outras, mais negras e carregadas, estavam na minha alma. Em tudo via o meu Horto, com o transporte para o Calvário. O meu espírito, fortalecido com uma força estranha, foi penetrar além das nuvens que vedavam o firmamento. Queria ver o Céu. Ai, que saudades do Céu ! Se eu pudesse transportar-me lá para fora, para o contemplar melhor! Mas não posso, faça-se a vontade de Nosso Senhor. O Céu que foi criado para mim ! Lá habita a Santíssima Trindade: também eu A tenho na minha alma, e todos os corações em graça. Adorei-A em toda a terra, transportei-me para os sacrários. A minha adoração continuou por toda a parte, onde Jesus habita sacramentado. Ó meu Jesus, eu queria que o meu amor fosse como a luz que não se apaga, como a brisa que não cessa e penetra em toda a parte. Fazei que o meu amor penetre e vá calar em todo o lugar onde habitais sacramentado. Amo-Vos, amo-Vos eternamente. Pareceu-me que acordei de um sono, interrompida pela inutilidade. Vi logo o Horto unido ao Calvário. Pareceu-me não serem para mim os seus frutos. Tinha que sofrer, tinha que aguentar. Prolongou-se o sofrimento pela noite fora. E hoje assim continuei na viagem para o Calvário. Foi avivado por uma tremenda luta, daquelas lutas mais penosas à minha alma, a todo o meu ser. Eu, sempre louca pelo pecado, atirei-me para ele, revoltada contra o Senhor, escarnecendo-O e calcando aos pés a Sua Lei. Eu era a origem de toda a maldade, de todos os vícios. E, ao mesmo tempo, pareceu-me atirar-me a mim mesma, para me salvar. Queria livrar-me de tão irremediável perdição. Quis salvar-me e quis continuar na mesma podridão, mas de tal forma embrutecida que só nela pensava, só dela vivia. Fui caminhando para o fim da montanha, na mesma inutilidade, mas a sentir a dor infinita de Jesus, por me ver assim. Ele mostrava-me o sangue por mim derramado, e eu, mais dura do que o rochedo, fechava os olhos para nada ver. Durante o tempo da agonia, foi só Jesus o mártir da cruz. Eu não quis saber d’Ele. O Calvário foi para mim como se nunca existisse. Jesus expirou e eu expirei fora d’Ele. Não foi, mas pareceu eterna a nossa separação. Passaram alguns minutos nesta separação e morte irremediável. Jesus veio dar-me a vida perdida, remediar aquilo que parecia não ter remédio. Falou-me desta forma :

— “Está chagado o meu Divino Coração. Está apunhalado e cercado de espinhos. Reparai, reparai bem, reparai e dizei a quem preferis : quereis Jesus ou Satanás ? Ansiais o Céu, com o seu gozo e amor infinito, ou Satanás, o seu inferno, tormento pavoroso ? Jesus está chagado, profundamente chagado. É sangue, só sangue o seu Divino coração. Ó filhos meus, filhos meus ! Quereis o meu Amor, quereis o Paraíso? Vinde a mim, vinde a mim. Vinde a mim, deixai o pecado. Vinde a mim, deixai o mundo com as suas lições. Deixai o pecado, arrepiai caminho. Satanás não cessa a sua tarefa. E vós, filhos meus, filhos meus, cedeis aos seus enganos. Preferis que ele reine em vossos corações. Expulsais-me a mim, o doce Jesus, do trono em que habitava. Ó minha filha, minha vítima querida, sê sempre generosa. Dá-me a reparação, dá-me a reparação, dá-me o bálsamo para esta coração tão ferido”.

— Se eu pudesse, Jesus, se eu tivesse que Vos dar! Se eu possuísse aquele amor digno de Vós ! Nada mais queria na terra : amar a Jesus, sofrer por Jesus, amar a Jesus, salvar todas as almas. Ah ! meu Amor, não queria mais nada. Estou certa, Jesus, estou certa, meu Amor, que todas as feridas do Vosso coração eram cicatrizadas. Se eu Vos amasse, Jesus, e sofresse com perfeição, era o bálsamo suficiente. Encontrava em mim o Vosso Amorosíssimo Coração a alegria e a consolação. É tão mesquinho e frio o meu amor! Chega até a não ser nada. Mas eu quero ver o Vosso Divino Coração sem sangue, sem feridas. Aceitai todo o amor do Paraíso, Jesus, como se esse amor fosse meu. Aceitai todo o amor das almas justas, das almas santas da terra, como se esse amor fosse meu. Estou certa de que assim já não sofreis mais.

— “Repara, repara para mim, minha filha. Vê que já sou o teu Jesus, todo belo, todo amor. Vê que já não sangra este coração que tanto amou e ama. Foi no teu Calvário que eu encontrei o meu bálsamo. Foi no teu coração, florinha eucarística, que eu me alegrei. Sofre, sofre, esposa querida. Esconde a tua dor, esconde-te em mim. Fala às almas, fala às almas, diz-lhes quanto as amo. Fala às almas, fala às almas, conta-lhes as tristezas de Jesus. Fala às almas, fala ao mundo, diz-lhes que está irado o meu Eterno Pai. Penitência, penitência, penitência e emenda de vida. Penitência, penitência, amor à Lei do Senhor. Vem, minha filha, vem receber a gota do meu Divino Sangue. Alimento divino, alimento celeste ! É a vida de que tu vives. Jesus cuida da Sua vítima, mais do que das avezinhas do Céu. Minha filha, minha filha, a tua vida está em Cristo, é de Cristo. Vives em mim e eu em ti. É por ti, farol luminoso, que me comunico às almas, que lhes dou as minhas riquezas, os meus tesouros infinitos. O mundo não te conhece. Também a mim não me conheceu, e outros vivem como se não me conhecessem. Vai em paz e dá a minha paz. Vai em paz e dá a minha vida com o meu amor. Deixa que te esmaguem, deixa que te humilhem e sofre por mim. Fica na cruz, fica na cruz”.

— Fico, Jesus, e fico contente. É da cruz que eu Vos peço todas as graças para todos os que me são queridos, para os que são meus, para todos os que de mim aproximam e, por fim, para o mundo inteiro, para o mundo inteiro : todo ele é Vosso.

— “Vai em paz, minha filha. É aceite a tua prece. Coragem, coragem”.

— Obrigada, obrigada, meu Jesus.

   

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