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SENTIMENTOS DA ALMA

1952

SETEMBRO

5 de Setembro – Sexta-feira

Jesus muito pede ao meu corpo e à minha alma e muito lhe dá ! Pede ao corpo dores triturantes, dores, por vezes, posso dizer, quase insuportáveis, e à alma tristezas, angústias, agonias mortais. Mas dá ao coração a ânsia, a saudade, o amor de Jesus, por Jesus, e Este dá ao corpo e dá à alma a vida, a força para a tudo resistir. Os sofrimentos da alma são mais dolorosos ainda do que os do corpo. Ai de mim, ai de mim ! Se não fosse Jesus a viver, a triunfar na minha cruz, no meu Calvário ! A inutilidade é para mim o assassino mais cruel. As ânsias de me dar a Jesus, de sofrer por Ele e pelas almas são tão grandes, são mais do que imensas, não são minhas, são infinitas, são de Jesus. E a inutilidade rouba-me a mim, rouba o próprio Jesus, porque rouba tudo o que Ele em mim deposita. Fito os olhos no crucifixo, no Coração Divino de Jesus, e em espírito no Céu o digo : estou aqui, Jesus, para fazer a Vossa Divina vontade. Fazei-a Vós em mim e por mim. Brincai, manejai com este inútil instrumento, como Vos aprouver. A alma chora, o coração sangra. O meu Calvário chega da terra ao Céu. Mas quero, quero a dor, as humilhações, os desprezos e tudo o mais, meu Jesus, tudo o mais, todos os espinhos que me cravam, tudo quanto me leva à agonia e à morte. Quero, porque Vós o quereis ; quero, porque amo as almas, que são Vossas; quero, porque Vos amo sem sentir o Vosso amor. Creio, creio, espero e confio. Parece que não cesso de pensar no pecado e nas formas mais maliciosas de o praticar. Parece que eu mesma sou o mundo, e todo ele está podre, dentro de mim. A minha alma vê-o apavorada. Não posso falar, mas a minha alma também não sabe, na sua ignorância, exprimir este pavor. Todo ele é ruína, todo ele é morte. A quinta-feira de ontem trouxe-me um horto doloroso ao máximo. Jesus veio de encontro a mim, não para me dar consolação, mas para imprimir em mim todas as Suas chagas. Todo o meu ser ficou Cristo, a vida sofredora de Cristo. Os cravos, que trespassavam as Suas mãos e pés, trespassaram os meus. A lança e a dor do Seu Divino Coração foram as minhas. Não eram de ferro os cravos, nem a lança; eram de fogo, fogo que queimava e tudo trespassava. E assim, toda Cristo, caí no solo do Horto, envolvi-me toda nele. Desapareceu toda a vida de Cristo, para ficar a ser o lodo e a podridão mais nojenta. Desceu sobre mim o peso da justiça divina; foi o cálice da mais tremenda amargura ! Pareceu-me chegar ao máximo, não poder ir mais além. Nesta manhã, depois de uma luta, dum combate de vícios e de crimes, em que eu ouvi, não com os ouvidos do corpo, mas com os da alma, um tropel maior do que se fosse dum exército, e era na verdade um exército de demónios, que se lançaram a mim, a despedaçar-me a carne e as próprias roupas, a tentarem levar-me em corpo e alma para o inferno. Quem me libertou deles, só Deus o sabe, mas foi sem dúvida a Sua misericórdia, infinita misericórdia. Vi então Jesus, preso à coluna, a ser açoitado e em seguida coroado de espinhos. Senti as Suas dores, atingiram-me da cabeça aos pés. Em seguida, caminhou com a cruz para o Calvário. Eu também tinha a minha cruz; não a levei, levou-a Jesus por mim, enquanto que eu seguia o caminho da inutilidade. Quanto sofreu o meu Jesus ! Como o Seu sangue divino regava os caminhos da amargura ! O Calvário continua a ser regado com o mesmo sangue divino. E eu, com olhares só do inferno, desprezava toda a Lei do Senhor e todos os méritos do Calvário. No cimo do Calvário, a cruz ficou plantada em mim, e eu sentia-me como se fora uma bola. O sangue de Jesus caía sobre mim, e do Seu Divino Coração saíam raios doirados, brilhantes como o sol. Penetravam toda a bola em que eu estava formada. Davam-me a vida que eles mesmo tinham. Os meus olhares infernais contemplavam a cruz e tudo isto. Jesus, ao ver os meus olhares maldosos, bradava sem cessar e expirou na dor mais dolorosa. Momentos após a Sua morte, Ele veio cheio de luz e vida e falou-me assim :

— “Aqui está Deus. Está aqui o Céu. Aqui está Jesus, aqui está o amor. Amei tanto, amei infinitamente, amei sem limites. Amei e não sou amado. Amei e não sou retribuído. Venho pedir amor, venho pedir amor, venho pedir amor. É Jesus o pedinte, é Jesus o mendigante. Peço amor por amor. Quero ser amado, para que o meu Eterno Pai perdoe. Ele está irado, irado contra a terra. É justa, é santa, é divina a Sua indignação. O mundo, o mundo, minha filha, o mundo, os pecadores são a causa do teu martírio, da tua imolação dolorosa, da tua crucifixão sangrenta. Escutai, escutai, atende, mundo cruel. Escutai, escutai, atendei, pecadores ingratos. É o Senhor que vos chama, é o Senhor da terra e do Céu, o Senhor que tudo criou. O Senhor, a quem haveis de dar contas de toda a vossa vida. Minha filha, minha querida filha, Jesus está no teu coração, está sempre, sempre sem te abandonar. Ele habita na tua inutilidade. Ele reina na tua morte. Ele triunfa em ti, em todo o teu sofrer. Alegra-te, alegra-te, o Céu está por ti, muito pertinho de ti”.

— Sim, Jesus, sim, meu Amor. Confio, confio. Não está perto, está mesmo em mim, porque o Céu sois Vós. Mas o Céu, meu Jesus, o Céu, a que Vos referi, sinto que ele está tão longe, parece não ser para mim.

— “Essa ausência, esse temor, minha filha, não é teu. É uma escolha do martírio, fui Eu quem o escolheu, e sabes para que assim o exijo ? Porque as almas o exigem de Mim. É para que elas o não percam eternamente, é para que elas não se ausentem de Mim para sempre, para sempre, por toda a eternidade. Os crimes são tantos, tantos, ó minha filha ! Eu faço que tu os conheças, para veres a necessidade de reparação, para te encorajares a mais e mais sofrer, a mais e mais reparares”.

— Está bem, meu Jesus, eu estou pronta. Pronta para sofrer, pronta para reparar. Quem reparará por mim, Jesus? Eu tenho tantos pecados, meu Jesus! Nunca Vos digo que aceiteis os meus sofrimentos em desconto deles. Perdoai-me, perdoai-me.

— “Tu tens, sim, minha filha, muitos, muitos, tens em ti todos os crimes da humanidade, como outrora Eu os tive no Horto e no Calvário. As tuas faltas formam apenas um véu que encobre as maravilhas e grandezas do Senhor. Oh! Como é bela a tua alma, como é encantador o teu viver !”

— Está bem, meu Jesus, todos os encantos estão naquilo que é Vosso. Eu, como sou inútil, como nada tenho, nada há em mim que Vos possa encantar.

— “Se o mundo soubesse, se o mundo conhecesse a riqueza que aqui está encerrada ! Se as almas bebessem todas nesta fonte cristalina ! Beber nesta fonte é beber em Jesus, é beber no Céu. E Eu quero dar-Me, dar-Me, e é por ti que Eu me dou, minha filha. É pelos teus lábios que Eu falo e peço. Evite o pecado quem o pode evitar. Evite as ocasiões e os lugares do pecado quem tem poder para o fazer. Fale o Santo Padre, fale aos homens do poder. De que vos valem os lugares que ocupais, se condenais a vossa alma, se não defendeis a sério as causas e os direitos do Senhor ? Fale o Santo Padre, fale ao mundo inteiro. Quem ouve o Papa ouve Cristo. Quem atende ao Papa atende a Cristo. Quem atende obedece, salva a sua alma. Recebe, minha filha, a gota do Meu Divino Sangue. Introduzi no teu coração o Meu Divino Coração. Nele deixo ficar uma gota mais forte do Meu Preciosíssimo Sangue. Tens necessidade de mais forte alimento, para mais sofreres”.

— Ó Jesus, o Vosso Divino Coração é grande como o Céu e grande deixou o meu. Obrigada, bendito sejais. Jesus, lembrai-Vos de todos os que eu amo, de todos quantos me pertencem, de todos quantos querem as minhas pobres orações. Lembrai-Vos dos meus inimigos que tanto me ferem. Perdoai-lhes, Jesus. Lembrai-Vos do mundo inteiro e ao mundo inteiro perdoai.

— “Vai em paz, minha filha, vai em paz; sorri sempre à tua dor, à tua cruz”.

— Obrigada, obrigada, meu Jesus.

6 de Setembro – Primeiro Sábado

Esperei Jesus numa fome insaciável. Só Ele podia satisfazer o meu coração. Quanto mais O amo, quanta mais fome sentia d’Ele, mais longe O via e sentia de mim. Ele veio. Pareceu-me que encheu toda a casa. Baixou ao meu coração. Logo a minha fome devoradora ficou saciada. Aqueceu-me com o Seu amor, iluminou-me com a Sua luz, e muito unidinhos, numa união que parecia inseparável. Após alguns momentos, ouvi a Sua voz :

— “Minha filha, minha filha, sou paz, sou doçura, sou amor. Quero-te mergulhada nesta paz. Quero-te nela, numa inundação completa. Eu não quero, minha filha, que nenhum dos teus sofrimentos te tirem a paz, que só de Deus vem. O Senhor é contigo. Jesus está no teu coração. É o agricultor deste terreno mimoso. É o jardineiro deste jardim formoso. Escondo-me, perco-me entre tão variadas flores. Delicio-me no seu perfume. Ó minha filha, se houvesse muitos corações onde Eu pudesse deliciar-me !... Se houvesse muitos corações que me amassem loucamente! Se houvesse muitas almas reparadoras, o meu Eterno Pai não castigava com todo o peso da Sua justiça divina. A terra é culpada; os pecadores viciaram-se nos seus crimes. O mundo, o mundo é só digno de punição divina”.

— Ó meu Jesus, ó meu Jesus, perdoai, perdoai hoje, perdoai sempre. É certo que merecemos sobre nós toda a justiça, mas olhai, meu Jesus, dizei ao Vosso Eterno Pai que olhe para a Sua divina misericórdia. Pedi-Lhe, pedi-Lhe que perdoe, e perdoai Vós também. Usai para nós toda a misericórdia. Utilizai-Vos da vingança do amor.

— “Sofre, sofre, minha filha. Dá à Santíssima Trindade toda a reparação. Dá-Nos toda a consolação e alegria. Dá-Nos todo o amor, como se fora o amor de todos os corações. Diz a o teu paizinho que o Senhor é recto e é infalível nas Suas promessas. Eu amo-o e não falho. Amo-o e não falto ao que prometi. Sou recto com os que procedem mal. Sou justo com os que vão contra a minha Santíssima Vontade, com os que se opõem a ela. É justo, é justo o meu castigo. Hão-de ser justas as minas contas. Diz-lhe que o amo, que o amo, que lhe dou todo o amor e que o quero com toda a minha paz. Que se encha de mim, da minha ternura, da minha paz, do meu amor. Que se encha da medicina divina, que é a medicina das almas. Ele é mestre e guia delas. Escolhi-o, escolhi-o para isso. É a missão mais árdua e mais espinhosa. Que tenha coragem, que tenha coragem ! É contado no número dos meus santos. É o eleito do senhor. Diz, minha filha, ao teu médico que mãos à obra, mãos à causa do Senhor. Olhos no Céu, confiança inabalável em Deus. Eu quero, eu quero que se faça a justiça, a justiça divina à causa mais justa, à causa maior que Jesus tem na terra. Haja luz. Faça-se toda a luz. São as almas, são as almas. É Jesus que assim o quer, é o mundo a exigi-lo. Faça-se luz. As almas são minhas, necessitam de luz. Haja luz. Faça-se luz. As almas são minhas. A causa deste Calvário é a de maior salvação. Ai dos que julgam mal, ai dos que se opõem, porque também hão-de ser julgados por mim. Tudo o que eu permito e faço é do mais alto e elevado valor. Dá, dá ao teu médico e Meu queridíssimo filho a chuva das minhas graças, a efusão do meu amor. Que as faça cair sobre o seu jardim florido, que o incendeie em todas as minhas chamas. Vem, minha Mãe bendita, vem, vem ó Virgem das Dores. Une-te à nossa filhinha. Conforta-a, conforta-a. Minha filhinha, minha filhinha, esposa predilecta do meu Jesus, olha para mim. Vê quanto Eu sofro, vê os espinhos que cercam o Meu Santíssimo Coração. Vê as setas que O trespassam. Anima-te, alegra-te comigo. Jesus assemelhou-te a Ele e assemelhou-te também a Mim. Seja essa a causa da tua alegria. O pai e a mãe alegram-se com os filhos que os parecem. E os filhos, se amam verdadeiramente os pais, alegram-se por se parecerem com eles. Une-te, minha filha, une-te às minhas dores. Aceita as minhas setas, recebe os meus espinhos. Suaviza as dores do Meu Divino Coração, suaviza as dores do Coração Divino de Jesus”.

— Sou eu, Mãezinha, com toda a alegria que as tiro do Vosso Coração Santíssimo para o meu. Sou eu a enlear em mim os espinhos que cercam o Vosso. Quero sofrer por Jesus. Quero sofrer por Vós, para salvar as almas. Quero alegrar a Jesus e alegrar-Vos a Vós, para que as almas vivam alegres, eternamente. Ó Mãezinha, ó Mãezinha, o Vosso Santíssimo Coração confortou-me tanto! Encheu-me de Vós! Os Vossos lábios puseram nos meus toda a doçura.

— “Recebe em uníssono as minhas carícias com as de Jesus”.

— Obrigada, Jesus, obrigada, Mãezinha. Não quero deixar, nestes momentos de tanta felicidade, de lembrar aos Vossos Santíssimos Corações todos os corações do mundo inteiro, todos os corações amigos e inimigos, conhecidos e não conhecidos, fiéis e infiéis, o mundo inteiro.

— “Coragem, coragem, minha filha, sofre tudo. Dá-Nos, dá-Nos toda a reparação. Dá-Nos tudo quanto te pedimos e em troca leva, como desejas, tudo o que é Nosso, para os que amas, para os que te pertencem, para o mundo inteiro”.

— Obrigada, Jesus, obrigada, Mãezinha.

12 de Setembro – Sexta-feira

Parece-me que vi cair por terra o próprio Céu, com todas as suas grandezas, maravilhas e riquezas infinitas. Vi como que destruído tudo o que é do Senhor. Tal foi a dor que senti, tal foi o punhal que foi cravado no meu coração ! Saiu certo o pressentimento da minha alma, que já há tempos me consumia. Eu esperava alguma coisa, sem saber o quê. Eu tinha, e tenho medo, de tudo e de todos, e com razão. As coisas surgem, os sofrimentos vêm, muitas vezes daqueles que menos esperava. Apesar de que, desta vez, era daqui que eu os pressentia. Nova proibição me foi feita. Meu Deus, que ódio contra mim ! E a quem eu mais ofendo, meu Jesus, é a Vós. É por fraqueza, porque eu só queria amar-Vos. Ao meu próximo procuro não o ferir. Mas eu quero sofrer inocente toda a vida e não culpada um só momento. No primeiro sábado, depois do colóquio com Jesus e com a Mãezinha, pelas Suas palavras divinas, fiquei convencida de que algum sofrimento de novo ia surgir. Contudo, a minha alma estava forte e cantava à espera do que Jesus lhe enviava. Foi ao cair da tarde que uma carta me veio trazer a notícia da proibição. Foi tão aguda a punhalada que me deixou o coração vazado de um lado ao outro. E mais ainda : senti como se esse mesmo punhal estivesse preso em árvores e eu presa a ele, sujeita ao rigor de toda a tempestade, baloiçada pelos ventos o mais pavorosamente. Não chorei. Com os olhos fitos no Céu, louvava e bendizia ao Senhor. Durante a noite, nas horas mais agitadas, quando a tempestade tudo destruía, quando as ondas do sofrimento me submergiam, eu, só com o coração, porque com os lábios não podia, dizia : meu Deus, meu Deus, valei-me, Jesus, sou a Vossa vítima, Mãezinha, vinde em meu auxílio. Ah ! Se eu sofresse sozinha ! Mas oh ! Quantos sofrem por minha causa ! A minha vida mais parecia aquilo que sempre sinto: só ilusão, engano e mentira. Mas tudo isto sem eu querer. Não tinha ninguém por mim, nem no Céu nem na terra. Depois de tomar a resolução de participar a notícia ao meu santo médico, porque me parecia sentir alívio se ele compartilhasse da minha dor, outra ideia me surgiu ; foi um impulso fortíssimo da alma e do coração. Vou escrever ao Santo Padre e ao sr. Cardeal, vou contar-lhes a minha vida, dizer-lhes quanto sofro, pedir-lhes as suas bênçãos, dizer-lhes que se compadeçam de mim e que me tomem por filha, que me dispensem a sua amizade, que sejam eles por mim. Meu Deus, não quero acusar ninguém. Quero sofrer sozinha, convosco, no silêncio, abandonada e ignorada por todos. Não queria escrever mais, não queria receber mais visitas, viver só, mesmo só nesta noite tenebrosa, na noite total, na inutilidade de tudo. Quando assim sofria, não sentia consolação, mas, no íntimo da minha alma, reinava a paz. Ela nascia como nasce o sol, crescia, enchia-me. E, no meio deste abandono, o meu coração ficava como que preso ao Céu por uma cadeia de fogo. A alma parecia ter braços, os quais se abraçavam fortemente ao Senhor, sem O ver, sem O sentir; baloiçava ao rigor do vento, na brisa da tempestade. Parecia-me que a cadeia do coração e os braços da alma eram levados por uma força infinita para o ar. A alma compreendia que era o sofrimento que mais a aproximava do Senhor. A inutilidade roubava-me todo o sabor que daqui podia tirar. No Domingo, depois da Sagrada Comunhão, quando no mar da minha amargura eu pedia a Jesus que não deixasse enganar-me ninguém, pareceu-me ouvir d’Ele estas palavras :

— “Minha filha, não sou Eu o Caminho, a Verdade e a Vida ? Confia, Eu sou a Verdade suma. Vives de mim, vives a minha vida. Não te enganas. Poderia Eu deixar enganar-se uma esposa querida, que tanto assemelhei a Mim ? Confia, tem coragem”.

Muitos espinhos surgiram deste sofrimento. Tenho-os recebido por amor a Jesus e às almas, repetindo sempre a minha oferta de vítima. Custou-me a desistir da resolução tomada, de não escrever mais. Obedeci por amor. Continuo a mesma vida, enquanto assim aprouver ao Senhor. Cheguei a dizer a alguém: se é meu amigo, não me obrigue a escrever mais. O amor a Jesus venceu-me. Que Ele me perdoe os meus desânimos e desfalecimentos. A doença inesperada do meu santo médico, a quem tanto devo pelo seu amparo, aumentou-me o sofrimento. Adoeceria por minha causa ? Afligir-se-ia com as minhas coisas ? Ó Jesus, curai-o, Vós sois o médico divino. Tenho tantos desalentos e tentações contra a Fé ! Não só sinto em mim todo o número de pecados com toda a sua maldade, como sinto e quase chego a convencer-me por alguns momentos que não vale a pena sofrer, que nada existe, morrendo eu tudo acaba. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do Céu e da terra. Aparta-te de mim, maldito, não quero ofender ao Senhor. Creio em tudo o que ensina a Santa Igreja Católica. A custo tenho abatido a minha vontade de escrever ao Santo Padre e a Sua Eminência o Sr. Cardeal, tal é a necessidade que tenho de encontrar um coração amigo, no qual eu possa descansar. Estou sempre a receber espinhos e lançadas para o meu coração. Ai quanto se sofre ! Como Nosso Senhor é grande, como Ele é bom ! Oh ! Quanto eu podia aproveitar, se soubesse amar e abraçar a minha cruz ! A tempestade não cessa. O meu Horto de ontem foi um vendaval derrotador. Fiquei no solo do Horto, presa com fortes grilhões de ferro. Eu caminhava sob o peso da dor, como um pequenino verme sob o peso da terra. Caíram sobre mim toda a espécie de feras, destruíram o meu corpo, chuparam-me todo o sangue. Durante a noite, fiz-me prisioneira com Jesus, e de manhã Ele seguiu sozinho para o Calvário. Vi-O caminhar, levando aos ombros a cruz, mas não O quis acompanhar. Fiquei na inutilidade. Veio a Mãezinha da Dores, tomou-me o coração, fê-lo sofredor como o d’Ela e seguiu a Jesus, lacrimosa. O meu coração chorava também. Juntaram-se no Calvário. Jesus na cruz e eu com a Mãezinha ao pé. Sofríamos a mesma dor e agonia, juntavam-se as nossa lágrimas mo Seu preciosíssimo sangue que regava o Calvário. Os olhos da Mãezinha levavam os meus a fitar Jesus na cruz. As Suas lágrimas passavam pelos meus olhos. A Sua dor no meu coração, ao mesmo tempo que com ela, murmurava : “Tu és meu Filho, Eu sou tua Mãe. A minha agonia é a tua agonia”. Num prolongado brado, agonizei. Ressuscitei da morte com a voz de Jesus, que dizia :

— “Do silêncio da morte rompe a voz de Jesus. O que vem Ele dizer, o que vem Ele pedir ? Vem dizer que está triste, muito triste. Vem pedir a uns corações que O amem mais, muito mais, e a outros que deixem de O ofender. Escutai, escutai, é Jesus quem fala pelos lábios da Sua vítima. Escutai, escutai. É Ele quem pede no coração da Sua esposa amada. Eu tenho sede de amor, Eu tenho sede das almas. O meu Coração está triste e muito triste, porque muito é ofendido. Está triste o meu Coração, porque triste está o meu Eterno Pai. Amai a Jesus, amai as coisas de Jesus, amai a Lei do Senhor. Deixai o pecado, detestai o pecado. Odiai, odiai para sempre o pecado. Minha filha, minha filha, estou todo chagado, todo em sangue. Os pecados, os pecados são os meus açoites, descarnam as minha carnes santíssimas. Sou descarnado, sou despedaçado. Ó minha filha, ó minha filha, as maldades, os crimes abriram-Me o peito, alancearam-Me o coração. Olha como ele sangra! Repara nesta chaga tão profunda !”

— Eu vejo, Jesus, vejo o peito e sinto as Vossas chagas. Sinto as minhas carnes despedaçadas, como vejo as Vossas. Sinto o meu coração aberto e a sangrar, como vejo o Vosso. Que fontanário de sangue ! De nada vale o que eu tenho sofrido, nem o que sofro, meu Jesus. Se valesse alguma coisa o meu sofrimento, Vós não sofreríeis assim !

— “É isso mesmo, minha filha, é isso que Jesus quer que tu compreendas. Tudo isto Eu tinha sofrido, se tu não tivesses desta forma reparado. Sofre, sofre com alegria e heroicidade. Repara sempre o Meu Divino Coração, para que Ele não sofra o que tu sofres e o que te parece eu sofrer. Sofre, para que Jesus se alegre, sofre, para que Jesus perdoe. A tua dor, minha filha, a tua reparação leva-me a esquecer os pecados do mundo. A tua dor, o teu martírio levam o Meu Divino Coração à compaixão pelos pecadores. Sou Pai, quero perdoar. Sou Senhor, quero ser servido. Servi a Lei do Senhor, conduzi as almas a Jesus. Tenho sede, sede deste coração amoroso. Dai-Me almas. Ide à busca, ide à conquista das almas”.

— Ó Jesus, ó Jesus, se eu pudesse arrancá-las todas ao demónio ! Se eu pudesse fechar para sempre as suas garras malditas ! As almas, Jesus, as almas !... Que pena eu tenho das almas ! Amo-as tanto, porque são Vossas filhas, amo-as, porque Vós as amais, amo-as, porque custaram o preço do Vosso Divino Sangue.

— “Coragem, coragem, minha filha. A tua dor tem força para tudo o que tu queres, para todas as tuas ânsias. Ela tem a força de Jesus, e as tuas ânsias são de Jesus. Vem receber a gota do Meu Divino Sangue. Introduzi no teu coração o tubo doirado. A ele uni o Meu Divino Coração, e a gota do sangue passou. Foi gota maior, mais forte ainda. Para o aumento da dor, mais necessitas da força e vida divina. Eu permiti que a tua dor fosse aumentada. Eu consenti no teu Calvário mais doloroso, porque a gravidade dos crimes assim o exige. Os homens vão contra a vontade santíssima do Senhor. Eu permito, eu consinto, para o bem das almas. Se não fossem estas, eu punia-os no mesmo momento. Tem coragem, minha filha. O Senhor está contigo. Jesus vela por ti. Jesus vence, vence e triunfa em ti. Vai em paz. Vai em paz. Dá a minha paz. Dá-a em nome de Jesus. Dá-a com o amor de Jesus. Pede aos pecadores emenda de vida. Pede ao mundo oração e penitência”.

 Obrigada, meu Jesus. Não Vos separeis de mim. Lembro-Vos neste momento as minhas grandes intenções. Peço-Vos perdão para o mundo inteiro.

19 de Setembro – Sexta-feira

Não há remédio para mim, nem para o corpo, nem para a alma. As minhas dores não são suavizadas. O corpo está num fogo, numa dor só. Não posso falar. A alma está na noite mais tenebrosa, na mais tormentosa agonia. É um mar agitadíssimo, e eu envolta nas ondas, não tenho quem me valha, não tenho salvação. Quando me cravam punhais mais agudos, e os espinhos me surgem, de novo penetram mais fundo, fico louca, louca de dor, a perder aquela vida, que já só parece morte. A alma agoniza, o coração sangra e, ao mesmo tempo, parece romper em hinos de louvor e agradecimento ao Senhor. Jesus, eu amo-Vos, sou a Vossa vítima, seja tudo por Vosso amor. Salvam-se as almas. Sem sentir alegria, sem sentir consolação, sinto que, no meu íntimo, ao mesmo tempo que sangro e agonizo, sinto paz, uma paz que alimenta, que dá a vida. Por momentos, todo o meu ser se mergulha nela. A inutilidade mete-se logo a roubar-me todo o sabor; nada chego a saborear. Ó vontade do meu Deus, só tu és a minha vontade, custe o que custar. Não quero outro viver, Senhor, a não ser aquele que para mim escolheste. E, assim abandonada a Jesus e à Mãezinha, passo os dias à espera do meu grande dia, do meu Céu. Se a minha ignorância me deixasse falar do que sinto em mim, no coração e na alma, nas ânsias de sofrer, nas ânsias de amar e de dar almas a Jesus, não podia calar-me, parece que tinha de falar sempre, enquanto o mundo durasse. Não posso e não sei. Mas o brado da minha alma parece que no silêncio da minha ignorância fala à humanidade inteira a dizer-lhe tudo, a mostrar-lhe tudo, a pedir-lhe para amar e não ofender o Senhor. Ontem, passei o dia nas amarguras que ficam ditas, mas sem pensar no Horto, sem viver dele uma vida inteira. Principiei a sentir uma dor profunda. Apoderou-se tanto de mim que quase não resistia. Era superior às minhas forças, parecia que me arrancava o peito e as entranhas. Fiquei esmagada sobre aquele solo duro e ali derramei o meu sangue. Se por um lado sofria, pelo outro vivia indiferente a tudo. E assim passei hoje a viagem do Calvário, na indiferença e na inutilidade, fugitiva e desaproveitada de todos os sofrimentos de Jesus. Quase ao terminar da montanha, a dor era tão dolorosa e profunda e eu sem saber como, principiei eu a cravar punhais no meu coração, um após outro. Era eu, era no meu coração e não era a mim que feria. Não, não era, era a Jesus que eu apunhalava. Fui eu que O crucifiquei na cruz. Fui eu a cuspir-Lhe e a escarrar-Lhe no Seu santíssimo rosto. Fui eu que O fiz agonizar. Só no momento de Ele expirar é que eu juntei o meu brado ao Seu e com tal força que o Céu rasgou-se. Toda a terra escureceu, fez-se noite. Jesus expirou e por uns momentos pareceu-me também passar pela morte. Jesus, a verdadeira vida, deu entrada no meu coração. Pareceu que abriu portas e janelas, iluminou-o todo e falou-me assim :

— “O mundo dorme num sono profundo, mas pavoroso sono. Os pecadores dormem no sono dos vícios e das paixões. Os pecadores dormem no sono da perdição, o sono que os leva ao inferno. Minha filha, minha filha, estou no teu coração. Estou em ti para desabafar, estou em ti para conformar-te. Tem coragem, tem coragem, é indispensável a tua dor. Acorda, acorda, desperta os pecadores deste sono de perdição. Ai deles, ai deles, minha filha. Sofre, sofre, alegra o meu Divino Coração. Repara o Meu Divino Coração. Eu quero oferecer ao meu Eterno Pai uma reparação que aplaque a Sua divina justiça. Minha filha, minha filha, se os pecadores não exigissem tal sofrimento, Eu não consentia, Eu não dava tanta larga aos homens que se opõem contra a minha divina vontade”.

— Ó meu Jesus, ó meu Jesus, eu sinto que Vós estais no meu coração, mas não me pareceis aquele Jesus cheio de ternura, de bondade e amor. Sinto que a minha alma Vos vê como juiz, mas um juiz severo e justiceiro. Ó Jesus, ó Jesus, parece-me, sinto que tenho medo de Vós. Não recebo nenhum conforto… oh ! se eu pudesse fugir-Vos !

— “Paz, paz, paz, minha filha à tua alma. Amor, amor, amor do teu Jesus para o teu coração. Eu quero, por ti, mostrar ao mundo o que será o julgamento de cada pecador, de cada alma. Eu quero, mesmo que nos colóquios mais íntimos comigo tu repares o meu Divino Coração. Se os pecadores pudessem fugir-Me no seu momento final !... repara, repara, para que Eu não seja obrigado a mandá-los apartarem-se de Mim eternamente. Minha filha, minha filha, é dolorosa a minha dor. É triste, tristíssimo o meu desabafo. Minha filha, minha filha, tenho que assemelhar-te a Mim. Tem que ser dolorosa, profunda, a tua dor. Tem que ser triste, tristíssimo o teu Calvário. Tem coragem, tem coragem, Jesus ampara-te, Jesus vela por ti”.

— Ó meu Jesus, ai meu Amor, tantas vezes desfaleço ! Por tantas vezes, chego quase a duvidar de Vós, da Vossa vida em mim. Perdoai-me, perdoai-me. Não me deixeis sozinha.

— “Coragem, coragem, minha pomba bela, florinha eucarística. Vejo o teu coração, vejo a tua alma, vejo as tuas ânsias. Sim, sim, neste Calvário, encontrei uma vítima heróica. Sim, sim, neste Calvário, encontrei uma verdadeira esposa, uma alma mais altamente imolada”.

— Ó meu Jesus, ó meu Jesus, neste Calvário encontrastes a alma mais pobrezinha, mais cheia de misérias, mas também cheia de querer cumprir a Vossa Santíssima Vontade com toda a perfeição, cheia, cheíssima de ânsias de Vos amar e de Vos dar a todas as almas. Sou pobrezinha, enriquecei-me, Jesus. Fazei de mim o que Vos aprouver.

— “Vem receber a gota do meu Divino Sangue. Já passou para o teu coração o alimento divino. Levou-te a vida de que vives. Levou-te o amor com que suportas toda a dor. Tem coragem, tem coragem, o teu Calvário é semelhante ao de Jesus. É Calvário de resgate, é Calvário de salvação. Fica na cruz. Triunfa nela com o teu sorriso. Esconde nela toda a dor que Eu te enviar. Vai em paz, minha filha, vai em paz. Dá a minha paz, dá o meu amor a todos quantos se abeiram de ti. Pede ao mundo, minha filha, que arrepie caminho, que volte para Jesus”.

— Ó Jesus, muito obrigada. Lembro-Vos todas as minhas intenções. Sabeis bem por onde principio e por onde acabo.

— “Coragem, coragem, minha filha, na tua missão nobilíssima”.

— Obrigada, Jesus, obrigada, Jesus.

26 de Setembro – Sexta-feira

Parece que vivo fora de Deus, fora de tudo o que Lhe pertence. O mundo traiçoeiro, enganador, com todos os seus crimes, está dentro de mim, e eu em tudo o que é matéria e podridão estou transformada. Passo o meu tempo a apunhalar o Coração Divino de Jesus. Se eu pudesse mostrar o ódio que parece existir dentro de mim contra Ele ! Se as almas pudessem ver como eu sou cruel, como escarro no rosto santíssimo de Jesus, como eu o açoito e renovo toda a Sua Santa Paixão! Que escândalo, que escândalo ! Como elas se apavoravam de mim! Só eu sou criminosa no mundo. Só eu sou loucura nas paixões e veneno para as almas. A minha alma vê a maior parte da humanidade a desfazer-se na lepra do pecado, a cair morta e envenenada por mim. Meu Deus o que eu sou! O que é o pecado ! Que contas Vos poderei eu dar de tantos crimes! Ai de mim, sou esmagada pela justiça do Senhor. Todo o meu ser fica por ela desfeito no solo da terra. Ai de mim, que sou só pecado e inutilidade para o bem. Nada em mim de bom se aproveita. A noite é tenebrosa, o abandono é do Céu e da terra. Não posso fazer outra coisa a não ser abandonar-me à Providência e confiar, confiar sempre, sem o sentimento de que confio e tudo espero do Senhor. É tremenda a minha maldade. Os meus olhares têm o veneno de todo o inferno. Todos os meus sentidos são faíscas de fogo infernal, com a maior maldade para todos os crimes. Parece-me que nenhum pecado para mim é oculto, e que conheço toda a gravidade com que eles são feitos. Uma dor pungente e infinita invadiu-me o coração e a alma. Esta chora lágrimas de sangue. Meu Deus, não faço outra coisa senão falar de dor, sem nada dizer, devido à minha ignorância. Ânsias de perfeição e amor não me faltam, enchem mais que o mundo, parece-me que são ânsias do Céu. Não tem fim, mas a inutilidade rouba-lhe o saber. No esquecimento e na inutilidade passei o meu dia de ontem, mas numa tristeza e agonia indizíveis. Era já noite e apresentou-se diante do meu coração uma bola que representava e continha o mundo. Senti por ela um amor louco, uma infinita atracção. Quis entrar nela, principiei a rodá-la. Não tinha entrada. Só o meu sangue podia amolecê-la, a ponto de eu entrar e nela poder viver e reinar. As veias romperam-se, banhei a terra com o sangue. Tudo isto me abriu o caminho para o Calvário. Os meus braços foram despregados da cruz, e ao mesmo tempo o coração serviu de escada por onde foi descido Jesus. Ai, quanto sofri! As horas da noite foram um Calvário de sofrimento. Uni-me a Jesus na Eucaristia, pedi-Lhe que a Ele me prendesse, como Ele foi preso na noite da Sua Santa Paixão. De manhã segui atrás d’Ele para o Calvário. Segui-O não por compaixão nem amor, mas sim odienta e perseguidora. Não fiz outra coisa senão açoitá-Lo, arrastá-Lo e atirar-me sobre Ele e sobre a cruz. O amantíssimo Jesus não podia respirar. A cada momento parecia-me perder a vida. No cimo da montanha, Ele ficou pregado na cruz. E eu continuei contra Ele, com um ódio infernal! Ele olhava-me com olhares de ternura e convite. O meu ódio mais se enfurecia, e, em recompensa de tanto amor, escarrava-lhe no rosto. Jesus rompeu num brado doloroso, que fez estremecer toda a terra. Num dado momento senti como se o Seu Divino Coração saísse para fora do peito e viesse de encontro ao meu. Parecia mesmo que Jesus queria devorar-me. Ainda resisti ao Seu amor infinito ; causei a Jesus uma dor mortal. Foi num brado dolorosíssimo que Ele expirou. Eu não morri com Ele, mas parecia-me desaparecer da face da terra. Não levou muito tempo que Jesus entrasse  no meu coração, triunfante da morte e com a Sua luz, com a Sua graça; iluminou-me, fortaleceu-me e falou-me assim :

— “Andam por tão longe as almas. Andam tão fugitivas do Meu coração divino. Abeiram-se de Mim só para Me apunhalarem, só para Me fazerem sofrer. Eu tenho sede, Eu tenho sede, Eu quero beber nos seus corações. Tenho ânsias de ser amado. Eu quero possuir em Mim a humanidade inteira. Eis os teus sofrimentos, eis os teus sentimentos. Tudo o que em ti se passa é obra de Deus, é a vida de Jesus. Os teus sentimentos são os sentimentos de Jesus. As tuas ânsias as Suas ânsias, a tua dor a Sua dor. Eu anseio ser amado, sofro por ser ofendido. Tu anseias dar-me as almas. Sofres porque elas Me fogem. És vítima, minha filha, és vítima. Este Calvário é semelhante ao de há vinte séculos. A vítima imolada foi cópia tirada da inocente, de Jesus. Coragem, minha filha, as tuas incompreensões são provas do amor de Jesus. Tens de ser odiada e perseguida. Eu fui perseguido na minha vida na terra, sou perseguido, maltratado agora nos sacrários. Essa perseguição chega ainda ao Céu. Todos os crimes do mundo ferem o Meu divino coração. Toda a maldade dos homens desafia a justiça do Meu Eterno Pai. Alerta, alerta, é Jesus que previne, é Jesus que avisa, é Jesus que pede. Alerta, alerta. Não vos descuideis, filhos meus. Não tendes tempo de olhar para trás. O Pai, que vos avisa, ama-vos mais que todos os pais da terra. O Senhor, que vos chama, quer dar-vos o Seu reino. Ó minha filha, sofre, sofre, minha filha, minha querida esposa. Minha esposa, a quem dei e dou o título de florinha eucarística. Esposa, a quem dei e dou o título  de Mãe dos pecadores, de Mãe da humanidade. A mãe dá o sangue a seus filhos e quantas vezes a própria vida. Sofre, sofre, deixa-te imolar. Os pecadores perdem-se, os pecadores condenam-se eternamente. Quem fala é Jesus, quem avisa é o Juiz que os condena. Sofre, sofre, minha filha, para que Eu não lhes lavre a sentença de condenação eterna”.

— Ó Jesus, ó Jesus, sofro quanto me dais. Nada recuso. É só por Vosso amor e para Vos salvar as almas. Bem sabeis que não é com o fim da glória que me espera. Sofro mal, bem sei que sofro, meu Jesus. Perdoai-me. Não sei, nem tenho forças para sofrer melhor.

— “Tem confiança. Minha filha, estou pronto a auxiliar-te. Auxilio-te porque é grande, é grande, imensamente grande a tua a tua cruz. Auxilio-te, porque para muito te escolhi. Auxilio-te, porque é árdua e dificílima a tua missão”.

— Conto convosco, Jesus, conto convosco. A minha alma vê não sei o quê. Tudo em desordem, tudo a destruir-se. Tenho visto, Jesus, por tantas vezes, ao menos durante a noite, destruição igual a esta.

— “Sim, sim, minha filha, muitas vezes te tenho mostrado, à tua alma, esta destruição. São ameaças do Céu. A justiça do Senhor, que vai descendo sobre a terra. Ai dela, ai das almas, se não se convertem! Vem receber a gota do Meu Divino Sangue. Estão unidos os nossos corações. Está unido o nosso amor. Passa a gotinha de sangue, passa lentamente. Enche-te da minha vida, da minha graça, do meu amor. Fica na tua cruz. Tens muito que sofrer, minha filha. Tens muitas almas a salvar”.

— Jesus, sou a Vossa vítima. Dai-me força, dai-me força, sem Vós não posso. Lembrai-Vos dos meus pedidos. Atendei às minhas preces. Atendei, atendei, atendei, meu Jesus. Perdoai ao mundo. Obrigada, meu Jesus, obrigada, meu amor.

   

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